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Universidade Federal do Ceará estuda relação do HPV com o câncer de mama

- Ascom SE/UNA-SUS



Uma equipe multidisciplinar formada por médicos, biólogos, bioquímicos e estudantes de medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) detectou a presença de DNA do Papilomavírus Humano (HPV) em 59% das 71 amostras de tecido mamário com câncer analisadas. O HPV, muito associado ao câncer de colo de útero, tem sido detectado em cânceres de outros órgãos como pele, boca, faringe, laringe, esôfago, pulmão, cólon, reto e ovários. Cientistas internacionais demonstraram a presença do DNA do HPV em grande número de cânceres da mama.

A descoberta reforça a importância da vacina contra o vírus que é disponibilizada atualmente para meninas de 9 a 11 anos. Em 2015, já foram vacinas 2,37 milhões de meninas dessa faixa etária. O número representa 48% do público-alvo, formado por 4,9 milhões de pré-adolescentes.

“Se, realmente, o HPV tiver, também, um papel importante na gênese do câncer mamário, se poderia esperar, dentro de 10-15 anos, uma significativa queda nas estatísticas de casos positivos para o câncer mamário – em razão justamente da vacinação”, comenta José Roosevelt Cavalcante, médico da Maternidade Escola Assis Chateaubriand (MEAC), autor do trabalho.

A vacina ofertada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde protege contra os subtipos 16 e 18 que são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero em todo mundo e os subtipos 6 e 11 por 90% das verrugas anogenitais. A vacina contra HPV tem eficácia comprovada para proteger mulheres que ainda não iniciaram a vida sexual e, por isso, não tiveram nenhum contato com o vírus.

No ano passado, 5 milhões de meninas de 11 a 13 anos tomaram a primeira dose em 2014, o que corresponde a 101,5% do público-alvo. Sobre a segunda dose, 3,1 milhões de meninas de 11 a 14 anos deram seguimento ao esquema vacinal, o que corresponde a 64% da cobertura.  

Pesquisa da UFC

As amostras analisadas no Ceará provêm de biópsias mamárias, enquanto as amostras de mamas normais, que são os casos-controle, são oriundas de mamoplastias redutoras estéticas. A faixa etária das mulheres é de 27 a 97 anos (média = 55,8), para os casos de carcinoma e de 24-84 anos (média = 43,2) para os casos de mamas normais. Serão, ao todo, 212 amostras analisadas ao final do estudo.

O câncer de mama é o que mais mata no Brasil. Entre os anos 2003 e 2013, segundo o Atlas de Mortalidade por Câncer no Brasil, publicação do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional do Câncer (Inca), mais de 130 mil pessoas tiveram a morte causada por ele.

Esse estudo, que tem a MEAC como Centro de Referência, representa, portanto, um grande avanço na orientação da linha de investigação das causas de câncer de mama em nível mundial. 

A iniciativa foi desenvolvida durante um ano. “Já encontramos a associação. A próxima etapa da nossa investigação é a identificação do tipo de HPV presente, se o 16, o 18 ou outro menos comum”, explica Roosevelt.

Reconhecimento internacional

O trabalho foi um dos quatro selecionados entre 276 inscritos para a 18ª edição do Congresso Brasileiro de Mastologia, realizado de 4 a 6 de junho de 2015, em Curitiba (PR). Além da MEAC, estão envolvidos na pesquisa o Departamento de Patologia e Medicina Legal e o Laboratório de Microbactérias da UFC e o Laboratório Biopse, que também participou, cedendo material de mamas saudáveis para a análise.

Esquema vacinal

Para receber a dose, basta apresentar o cartão de vacinação e o documento de identificação. Cada adolescente deverá tomar três doses para completar a proteção. A segunda deve ser tomada seis meses depois, e a terceira, cinco anos após a primeira dose. A partir de 2016, serão vacinadas as meninas de 9 anos. 

As meninas de 11 a 13 anos que só tomaram a primeira dose no ano passado também podem aproveitar a oportunidade de se prevenir e procurar um posto de saúde ou falar com a coordenação da escola para dar prosseguimento ao esquema vacinal. Isso também vale para as meninas que tomaram a primeira dose aos 13 anos e já completaram 14. É importante ressaltar que a proteção só é garantida com a aplicação das três doses.

Para as mulheres que vivem com HIV, o esquema vacinal também conta com três doses, mas com intervalos diferentes. A segunda e a terceira doses serão aplicadas dois e seis meses após a primeira. Nesse caso, elas precisarão apresentar a prescrição médica.

Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério da Saúde e Ebserh