Institucional

Pesquisa da UNA-SUS aborda relação entre odontologia e a percepção de dentistas participantes de cursos sobre População do Campo, Floresta e Águas

O TCR teve como objetivo conhecer melhor sobre os dentistas que trabalham em UBS em áreas rurais do Distrito Federal, e aqueles que se interessam pelos cursos da UNA-SUS na temática de População do Campo, Floresta e Águas.

- Ascom SE/UNA-SUS



Nesta segunda-feira (27/2/23), foi realizada a defesa de Trabalho de Conclusão da Residência (TCR) em Saúde da Família com ênfase em População do Campo, do cirurgião-dentista pesquisador da SE/UNA-SUS, Robert Salles. O trabalho teve como objetivo conhecer melhor sobre os dentistas que trabalham em Unidades Básicas de Saúde (UBS) em áreas rurais do Distrito Federal, e aqueles que se interessam pelos cursos da UNA-SUS nessa temática de População do Campo, Floresta e Águas.

De acordo com o TCR, “as populações do campo, da floresta e das águas apresentam especificidades e singularidades que podem condicionar o processo de saúde-doença, contribuindo para a persistência de agravos controlados em outras populações, como a cárie dentária. Somado a isso, a falta de conhecimento e de qualificação específica, por parte dos profissionais de Odontologia, pode interferir com os resultados de saúde neste grupo”.

O estudo utilizou a metodologia transversal descritiva, de base populacional, baseado em dados secundários extraídos da base de matrículas do sistema UNA-SUS, referente às ofertas de três cursos produzidos pela Universidade Federal do Ceará, Universidade Federal de Mato Grosso e Fiocruz Mato Grosso do Sul.

Para isso, variáveis sociodemográficas foram filtradas, catalogadas e analisadas por estatística descritiva, através da utilização dos softwares Excel e SPSS. Em seguida, buscou-se compreender as percepções sobre essa estratégia de educação permanente sob a ótica desses profissionais egressos e a aproximação das necessidades de atenção da população rural. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, seguindo um roteiro com temas pertinentes às práticas de educação permanentes em saúde, as quais foram gravadas e posteriormente transcrita e analisadas por meio do Discurso do Sujeito Coletivo. Resultados: Dos 61.342 inscritos nas três ofertas de cursos, apenas 1.120 são cirurgiões-dentistas. Dentre eles, houve predomínio do gênero feminino (68,1%), com 26 a 30 anos (32,60%), seguidos da faixa etária de 31 a 35 anos (22,8%) e solteiros (64,3%).

De acordo com os participantes, 29,5% eram especialistas e 9,64% mestres/doutores. A maioria se autodeclara branco (52,6%) ou pardo (38,1%). A presença de profissionais dentistas com interesse na temática ainda é baixa e predomina em estados que possuem uma concentração dessas populações, como os estados da região Norte: Pará (8,8%) e Amazonas (8,5%). Na análise qualitativa quanto a oferta de educação permanente em saúde para as eSB-rural do DF, observa-se que a ideia mais compartilhada entre as entrevistadas é a da prática de educação permanente em saúde nas reuniões de equipe presente em 3 dos 5 discursos. Com relação a integração profissional nas ações e atividades de EPS notou-se que não há integração da equipe para as ações. Por fim, com relação as temáticas de interesses para atualização dos CD entrevistados observou-se uma frequência para as temáticas de práticas integrativas complementares, seguido de formação para o contexto rural, e dentre as motivações para a matrícula nos cursos da UNA-SUS tem-se observado um motivo a partir das demandas de novos indicadores.

Como resultado de pesquisa, foi observado que a presença de profissionais dentistas com interesse na temática ainda é baixa e predomina em estados que possuem uma concentração dessas populações, como os estados da região Norte. Lança-se a hipótese de a demanda do território de atuação pode ser a motivação para se fazer o curso. Aponta também para uma necessidade de maior educação em saúde nesse grupo profissional para essa população específica. Nota-se que as ofertas de educação permanente em saúde para os CD que compõem uma eSB-Rural no DF são insuficientes. A integração profissional das equipes da ESF e eSB durante as atividades e ações de EPS também não foram identificadas, levantando a hipótese de maior necessidade de formação integrada e de temáticas alinhadas com o território como identificada nos relatos.

“Os dados mostram que ainda precisamos avançar muito na EPS dos dentistas, sobretudo aqueles desses territórios como o campo. A UNA-SUS tem sido uma ferramenta importante na qualificação desses profissionais, considerando a distopia entre a formação e os campos de prática”, afirma a orientadora do trabalho, Kellen Gasque.



Fonte: SE/UNA-SUS