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No Dia Mundial de Luta contra a Aids, Fiocruz bate recorde de produção de antirretrovirais

- Claudia Bittencourt



Nesta segunda-feira (1º/12) é celebrado o Dia Mundial de Luta contra a Aids. Para marcar a data, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) antecipa uma série de ações desenvolvidas para combater a doença causada pelo HIV. A principal delas é o novo recorde da produção de antirretrovirais. A estimativa é de que, até o fim de 2014, Farmanguinhos produza mais de 235 milhões de unidades farmacêuticas, o que representa um crescimento de aproximadamente 27% em relação ao ano passado.

Atualmente, no Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM), em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, Farmanguinhos produz e distribui sete dos 23 antirretrovirais que compõem o coquetel antiaids: atazanavir, efavirenz, isoniazida, lamivudina, lamivudina+zidovudina, nevirapina e zidovudina. Desde agosto, já havia sido batido novo recorde de produção de lamivudina. Em outubro foi a vez do composto lamivudina+zidovudina. Em novembro, Farmanguinhos bateu recorde do efavirenz. Com isso, a unidade cumpre seu compromisso de abastecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), beneficiando milhares de brasileiros que necessitam se tratar usando estes medicamentos.

Linha de embalagem de medicamentos antirretrovirais (Foto: Edson Silva)

Farmanguinhos também desenvolve pesquisas na busca por novas formulações contra a doença. Além disso, é um dos protagonistas na recuperação das indústrias farmacêutica e farmoquímica nacionais, por meio da implementação das Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDP). O Instituto participa de quatro PDP envolvendo antirretrovirais em dose fixa combinada: lopinavir 200 mg + ritonavir 50 mg; lopinavir 100 mg + ritonavir 25 mg; tenofovir 300 mg + lamivudina 300 mg + efavirenz 600 mg (3 em 1) e o tenofovir 300 mg + lamivudina 300 mg (2 em 1). Além dessas, em 2013, a unidade assinou acordo para o desenvolvimento do darunavir.

Com as PDPs, o objetivo é absorver a tecnologia de novas formulações. Assim, os laboratórios estrangeiros que detêm o domínio tecnológico se comprometem a transferir a tecnologia para a produção do medicamento e do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) – a substância responsável pelo tratamento –, para empresas nacionais, no prazo de cinco anos. Como contrapartida, o governo garante exclusividade na compra desses produtos – pelos menores valores cotados no mercado mundial – durante este mesmo período.

Tratamento infantil

Para os pacientes pediátricos, Farmanguinhos desenvolveu uma nova formulação de antirretroviral, que associa três princípios ativos: lamivudina 30mg + zidovudina 60mg + nevirapina 50mg. O medicamento foi elaborado com uma formulação edulcorada, ou seja, de sabor agradável para disfarçar o gosto amargo dos três fármacos. Além disso, o comprimido deverá ser dissolvido em uma pequena quantidade de água a fim de facilitar a ingestão pelas crianças e, consequentemente, o tratamento delas. O desenvolvimento do antirretroviral infantil vem ao encontro da política da Organização Mundial da Saúde (OMS) de estimular o estudo de formulações de medicamentos mais adequados para esta faixa etária. Farmanguinhos aguarda a concessão de registro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar os testes clínicos.

Cooperação internacional

O Brasil tem intensificado seus esforços na ajuda ao continente africano. Um exemplo desta iniciativa é a implantação da fábrica de antirretrovirais e outros medicamentos em Maputo, em ação conjunta de Farmanguinhos com a Sociedade Moçambicana de Medicamentos (SMM). Primeira instituição pública no setor farmacêutico do continente africano, a fábrica iniciou as operações em 2012, e produzirá 226 milhões de unidades de antirretrovirais por ano. Esta quantidade deverá beneficiar cerca de 2,7 milhões de pessoas vivendo com HIV/Aids em Moçambique.

A tecnologia para desenvolvimento e produção dos medicamentos será transferida gradualmente por Farmanguinhos à instituição moçambicana. Além dos antirretrovirais, há previsão de fabricar 21 tipos diferentes de medicamentos, entre os quais antibióticos, antianêmicos, anti-hipertensivos, anti-inflamatórios, hipoglicemiantes, diuréticos, antiparasitários e corticosteróides. A estimativa é que a fábrica produza cerca de 371 milhões de unidades farmacêuticas por ano, incluindo antirretrovirais e demais medicamentos. Todas essas ações reafirmam a missão de Farmanguinhos em atuar com responsabilidade socioambiental na promoção da saúde pública por meio da produção de medicamentos, pesquisa, desenvolvimento tecnológico, geração e difusão de conhecimento.

 

Fonte: Agência Fiocruz