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Ministério da Saúde e UNA-SUS lançam Programa de Formação Modular no Manejo da Tuberculose na Atenção Primária à Saúde

Dividido em cinco cursos independentes, conforme as populações específicas para o controle da doença no país, o programa busca instrumentalizar e fortalecer a atuação dos profissionais de saúde da atenção básica.

- Cissa Paranaguá - Ascom SE/UNA-SUS



Profissionais de saúde, estudantes e demais interessados já podem se matricular no mais novo Programa de Formação Modular da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), focado no Manejo da Tuberculose na Atenção Primária à Saúde. Dividido em cinco cursos independentes, que totalizam 45h, o programa online é livre, totalmente gratuito e tem início imediato. As matrículas podem ser realizadas até 31 de dezembro de 2020, pelo link.

Desenvolvido pela Secretaria Executiva da UNA-SUS, em parceria com as Secretarias de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) e de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde e a Escola de Governo da Fiocruz Brasília, o programa tem como objetivo qualificar ainda mais os profissionais de saúde com as competências necessárias para realizar todas as etapas do manejo da tuberculose em pessoas com diferentes especificidades no contexto social e modo de vida. 

A tuberculose ainda é um sério e desafiador problema de saúde pública global. Segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, em 2018, cerca de dez milhões de pessoas em todo o mundo adoeceram e 1,5 milhão de pessoas morreram em decorrência dela. Em 2019, foram notificados no Brasil cerca de 70 mil novos casos de tuberculose e aproximadamente 4.500 óbitos, números que fazem o país ocupar um lugar entre os 22 países responsáveis por 80% do total de casos mundiais da doença. 

Além dos fatores relacionados ao sistema imunológico de cada pessoa e à possibilidade de exposição ao bacilo, o adoecimento por tuberculose, muitas vezes, também está ligado às condições precárias de vida. Nesse sentido, alguns grupos populacionais podem apresentar situações de maior vulnerabilidade. Quando comparados à população em geral, os indígenas, por exemplo, tem risco de adoecimento por tuberculose acrescido em três vezes. Já as pessoas que vivem com HIV tem 25 vezes mais risco de adoecer. Os privados de liberdade chegam a ter o risco acrescido 26 vezes e a população em situação de rua bate a marca de 56 vezes mais chances de adoecer por tuberculose.

Diante desse contexto, o programa foi pensado para instrumentalizar profissionais de saúde da atenção básica para atuar tanto nas ações de controle da tuberculose na população em geral como também em relação às especificidades de populações com maior vulnerabilidade. 

Segundo a médica infectologista e conteudista do curso, Rossana Coimbra Brito, existem especificidades relacionadas a cada uma dessas populações que normalmente não são contempladas nos cursos sobre o controle da tuberculose, normalmente focados na população em geral. “Diante desse desafio, os técnicos da UNA-SUS propuseram um método pedagogicamente diferenciado, baseado em situações problema com informações em material complementar, que nos permitiu aplicar às populações específicas para a tuberculose”, relata.

A abordagem inovadora traz o conteúdo dividido em cinco cursos independentes, segundo as populações prioritárias para o controle da doença no país: população indígena, população em situação de rua, população geral, população privada de liberdade e população com HIV. 

Além disso, ao abrir a página do programa o aluno se depara com uma ferramenta que oferece um recorte com informações municipais de tuberculose, que também sugere uma ordem para a execução dos cinco módulos conforme as populações mais atingidas na localidade escolhida.

Por meio do curso, Brito acredita que o profissional de saúde estará capacitado para atuar nas principais ações para o controle da tuberculose como diagnosticar, tratar, fazer o correto controle de contatos e controle de infecção nas unidades de saúde, além de utilizar corretamente os instrumentos de vigilância epidemiológica relacionados à doença.

“Esperamos que, com essa abordagem, consigamos nos aproximar mais da realidade das equipes de saúde que trabalham com cada uma dessas populações. Além disso, por serem cursos separados, profissionais que trabalham com uma população específica podem fazer somente o curso voltado para o tema que mais o interessa”, enfatiza a conteudista.

De acordo com a coordenadora do Departamento de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas do Ministério da Saúde, Denise Arakaki, as ações de controle da tuberculose envolvem múltiplos aspectos que extrapolam o processo saúde-doença e, nesse sentido, devem considerar questões ambientais, sociais e até mesmo culturais. 

“A oferta de um programa de cursos já na sua apresentação indica que a abordagem tem particularidades de acordo com a população sob cuidado. Essas especificidades refletem as recomendações do Programa e tem o objetivo de adaptar as ferramentas disponíveis à luz do conhecimento aos melhores resultados clínicos nos indivíduos sob cuidado”, destaca.

O programa é composto pelos seguintes cursos:

Manejo da Tuberculose na Atenção Primária à Saúde para População Indígena (9h)

Manejo da Tuberculose na Atenção Primária à Saúde para População em Situação de Rua (9h)

Manejo da Tuberculose na Atenção Primária à Saúde para População Geral (10h)

Manejo da Tuberculose na Atenção Primária à Saúde para População Privada de Liberdade (8h)

Manejo da Tuberculose na Atenção Primária à Saúde para População com HIV (9h)

O usuário poderá realizar apenas os cursos de interesse e receber o certificado pelos mesmos ou realizar todos os cursos e receber o certificado de realização do programa como um todo. Cabe destacar que o certificado do programa não é cumulativo aos certificados individuais de cada curso.

A coordenadora explica que o programa foi desenvolvido dessa forma para ampliar o acesso à informação de forma clara e objetiva. “A apresentação modular permite um ensino customizado à priorização de necessidades do aluno e sua disponibilidade de tempo. Além disso, o seu formato bastante agradável deve ser capaz de cativar o aluno e estabelecer uma conexão entre ele e o programa, ainda que o aluno e o professor (no caso o programa) estejam separados pelo tempo e espaço”, destaca.

Além de facilitar o acesso à informação, o programa permite ao aluno e/ou profissional de saúde refletir sobre as lacunas do seu conhecimento e, como todo processo de ensino, espera-se que ele seja capaz de apreender novas informações que o modifiquem como profissional e que suas ações, a partir disso, possam transformam a comunidade em que vive. “Gostaríamos que cada profissional pudesse fazer todos os cursos e ao final aplicasse o seu aprendizado não apenas na execução qualificada de suas atividades, mas também como agente catalisador para redução das desigualdades em saúde, em especial no que diz respeito à tuberculose”, pontua.

No mundo atual, em  que vários conhecimentos são revelados todos os dias, Arakaki acredita que esta é uma oportunidade ímpar em que o aluno e/ou profissional de saúde decide quando e o que estudar. “As recomendações atualizadas para o controle da tuberculose encontram-se literalmente  a um dedo de distância de cada profissional. O curso foi desenvolvimento com todo respeito e carinho para todos. Aproveitem!”, incentiva a coordenadora.

Recordar é viver

Quem é usuário da UNA-SUS há mais tempo, sabe que essa não é a primeira oferta da plataforma sobre tuberculose. Em 2012, foi lançado o primeiro curso sobre o tema - Ações para o controle da tuberculose na atenção básica - que ficou disponível até 2016, quando o Ministério da Saúde começou a trabalhar no novo protocolo de manejo da doença. 

Em 2017 foi lançado o curso Manejo da Coinfecção TB-HIV, que segue em oferta na plataforma.

E hoje, a UNA-SUS inaugura não apenas um novo curso sobre o manejo da tuberculose, mas um programa baseado no novo protocolo do Ministério da Saúde com abordagem pedagógica e ferramentas inovadoras, capazes de tornar a experiência de aprendizado o mais prazerosa possível ao usuário.

Segundo Rossana, que foi conteudistas nos três cursos, o primeiro teve ampla aprovação e muitos participantes. “Considero que o modelo de 2012 era ideal para profissionais de saúde que estavam começando a trabalhar com tuberculose. Lá ficavam disponíveis todo o conteúdo clínico e operacional para lidar com a doença, de forma geral”, relata.

Já o segundo curso, sobre o manejo da coinfecção TB-HIV, teve enfoque diferenciado pois além da abordagem clínica, trouxe a complexidade da adesão ao tratamento das duas doenças e, também, do controle de infecção nos ambientes de saúde. “Fui abordada várias vezes por pessoas que fizeram o curso e que passaram a considerar a necessidade do controle de infecção tuberculosa em SAE de HIV depois do curso”, destaca a conteudista.

A terceira e novíssima oferta educativa sobre o tema, surge em formato de programa modular, com cinco cursos independentes, divididos segundo as especificidades de cada população prioritária para o controle da tuberculose no país. "É um curso para todos que trabalham na atenção básica com tuberculose. É possível fazer todos os cursos ou somente o referente a população com a qual trabalha mais diretamente.", reiterou.

Caso ainda não tenha feito a sua matrícula, não perca tempo e clique aqui!

Além dos cursos citados, outras instituições da Rede UNA-SUS já ofertaram cursos que tratam da tuberculose. É o caso da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) que ofertou até o início de 2019, o curso Vigilância, Prevenção e Eliminação da Tuberculose como Problema de Saúde Pública.


SERVIÇO

Programa de Formação Modular no Manejo da Tuberculose na Atenção Primária à Saúde

Formato: Curso a distância gratuito para todo Brasil

Público-alvo: Profissionais de saúde, estudantes e demais interessados no tema

Matrículas: até 31 de dezembro, pelo site.


Para saber mais sobre esses e outros cursos UNA-SUS acesse: www.unasus.gov.br/cursos