Curso

Fiocruz Mato Grosso do Sul e UNICEF abrem matrículas para Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens

Os conteúdos são embasados em três pilares fundamentais: a transdisciplinaridade, a intersetorialidade, e o fortalecimento do sistema de garantia de direitos.

- Ascom SE/UNA-SUS



Profissionais e trabalhadores de diversas áreas poderão se matricular gratuitamente no “Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens”, lançado nessa quinta-feira (30), durante o III Seminário Pode Falar. A oferta é fruto da parceria entre o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Fiocruz Mato Grosso do Sul e UNA-SUS e integra a estratégia de escalonamento do Programa Pode Falar, do UNICEF, que vem desenvolvendo outras iniciativas nesta área.

O curso foi planejado e produzido para atender à demanda de qualificação de trabalhadores e profissionais das áreas de saúde, educação, assistência social e segurança pública que lidam com adolescentes e jovens. Também é aberto a demais pessoas interessadas na temática.

As matrículas podem ser realizadas até 30 de dezembro de 2023, pelo site da UNA-SUS. O curso é online, aberto para todo Brasil e o início é imediato.

O Pode Falar foi idealizado em 2020, a pedido do UNICEF para colaborar com as reflexões que pudessem minimizar o sofrimento de jovens e adolescentes durante o período da pandemia de COVID-19 e teve início em fevereiro de 2021. A abertura do seminário contou com a presença do professor e pós-doutor em Estudos da Criança, Hugo Monteiro; do reitor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Marcelo Carneiro Leão; Chefe de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes do UNICEF, Mário Volpi.

Para Hugo Monteiro, o Pode Falar é “um programa que tem o objetivo de ajudar adolescentes e jovens no que diz respeito a saúde mental. É um espaço de escuta que não julga, não compara, não sentencia, mas de escuta que acolhe.”

Durante a programação do seminário, o Painel Temático - A importância da rede de apoio na escuta acolhedora e Lançamento do Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental de Adolescentes e Jovens foi mediado pela psicóloga, mestranda e voluntária no Núcleo do Cuidado Humano, Ana Beatriz e contou com a participação do médico hebiatra, Felipe Fortes; da jornalista e consultora do canal Pode Falar, Marina Oliveira; da professora doutora e mestre em Linguística pela Universidade de São Paulo, Rita Maria – representante da produção do curso.

De acordo com a professora e doutora Rita Maria, os conteúdos são apresentados por meio de casos complexos, envolvendo cenários, dados de realidade que motivam a refletir sobre os temas presentes no referencial teórico, que é trabalhado de maneira dialógica. Desta forma, o participante “vai aprender, vai formar e transformar”, afirmou. “O jovem é o protagonista do curso. Ouvimos os jovens e falamos sobre o que eles acham, e não sobre o que achamos deles”.

Rita ressaltou que o aperfeiçoamento “permite reflexão que toca o coração, indo além da cognição. Acreditamos que vai transformar o olhar daquele que trabalha e das relações daqueles que convivem com jovens, olhar para eles e entender o quanto são importantes para nossa transformação pessoal”, disse.
 
De acordo com o médico hebiatra – clínico geral de adolescentes -, Felipe Fortes, é importante combater as afirmações negativas atribuídas a adolescência. “Na hebiatria, encaramos o adolescente como grande sujeito de sua própria saúde, ele é o grande ator de uma consulta, ação em saúde. É importante que a gente entenda a juventude não como um problema, como uma fase difícil que só apresenta vulnerabilidades. Mas começar a olhar para as potencialidades criativas para esses jovens”, pontuou.

“A nossa sociedade contemporânea tem dificuldade de escutar e legitimar os jovens”, afirmou. O médico finalizou a sua fala com uma citação do trecho da música do cantor Charlie Brown Jr com a cantora Negra Li - Não é Sério:

Sempre quis falar
Nunca tive chance
Tudo que eu queria
Estava fora do meu alcance
Sim, já
Já faz um tempo
Mas eu gosto de lembrar
Cada um, cada um
Cada lugar, um lugar
Eu sei como é difícil
Eu sei como é difícil acreditar
Mas essa p**** um dia vai mudar
Se não mudar, pra onde vou
Não cansado de tentar de novo
Passa a bola, eu jogo o jogo

Eu vejo na TV o que eles falam sobre o jovem não é sério
O jovem no Brasil nunca é levado a sério

Segundo a jornalista, Marina Oliveira, a produção do curso foi desafiadora, pois
demandou a promoção de um olhar intersetorial sobre saúde mental dos jovens e adolescentes. “Saúde mental é bem-estar, é um direito humano fundamental. Sem saúde mental, ninguém tem performance escolar, saúde física, capacidade produtiva, ninguém constrói vínculos de afeto não violentos e tóxicos”, afirmou. “Ao invisibilizar a juventude, criamos ônus não só individuais, mas coletivos. Temos dificuldade de escutar o jovem, de unir essa potência, e promover a rede de apoio, que são os adultos que cercam esses adolescentes e precisam estar preparados para ter esse cuidado”. Para ela, o objetivo do curso é “ser útil, prático e com o objetivo de servir, conectar pessoas e mudar o jeito de olhar para o adolescente.”

Para a mediadora da mesa, Ana Beatriz, é importante fortalecer a família, e o espaço escolar para que percebam as necessidades dos adolescentes, e esse curso é um subsídio para essa mudança.

Sobre o Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens

O aperfeiçoamento possui carga horária de 180 horas, divididas em seis unidades, que tratam dos temas: Adolescências na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais; Adolescências e juventudes: dores e sofrimentos específicos; Escola e redes sociais nas adolescências e juventudes; Redes de serviços de saúde, de proteção social e de direitos nas adolescências e juventudes; Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes e Espaços de cuidado: estratégia para o acolhimento de adolescentes e jovens.

O curso visa qualificar o cuidado em saúde mental de adolescentes e jovens, por meio de uma metodologia que trabalha com casos complexos e reflexões propositivas, possibilitando a articulação do conhecimento teórico com a prática dos profissionais, e estimulando a organização de espaços de escuta e acolhimento.

Para Sílvia Helena Mendonça de Moraes, coordenadora do curso, “espera-se que com o aperfeiçoamento, os serviços que de alguma forma atendem os adolescentes e jovens possam se organizar como espaços de escuta e acolhimentos de situações que geram sofrimento mental, contribuindo assim para um cuidado mais efetivo, no que se refere à saúde mental dessa população”, afirma.

Os conteúdos são embasados em três pilares fundamentais: a transdisciplinaridade, a intersetorialidade, e o fortalecimento do sistema de garantia de direitos. O curso visa possibilitar aos participantes atuação efetiva como agentes de transformação nos mais diversos serviços e, em especial, com equipes interdisciplinares. Integra a estratégia de escalonamento do Programa Pode Falar – UNICEF, que vem desenvolvendo outras iniciativas nesta área.


Sobre o Pode Falar
 
O Pode Falar é um canal de ajuda em saúde mental para quem tem de 13 a 24 anos e funciona de segunda a sexta-feira (exceto feriados) das 8hs às 22hs. Caso precise falar com alguém fora deste horário, procure o CVV!

Para entrar em contato, é só clicar aqui.



Fonte: SE/UNA-SUS