Institucional

28ª Reunião da Rede UNA-SUS discute o antes e depois da formação profissional para o SUS

As mesas do terceiro dia de evento trouxeram debate sobre a experiência da UNA-SUS na formação de recursos humanos em diversos momentos da formação profissional.

- Ascom SE/UNA-SUS



Nesta quinta-feira (11), participantes da 28ª Reunião da Rede UNA-SUS, que ocorreu de 9 a 12 de novembro de 2021, contaram com apresentações em mesas redondas que abordaram o antes e depois da formação profissional para o SUS.

Antes de formar: Formação profissional para o SUS

A mesa coordenada por Celsa Souza, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), foi iniciada com a apresentação do representante da BIREME/OPAS, Diego González, que tratou das metas da Agenda 2030 e o Impacto na Formação de Recursos Humanos.

O médico, especialista e mestre em toxicologia, contou que trabalhou por 30 anos na Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e, nos últimos cinco anos, atuou como diretor da Biblioteca Regional de Medicina (BIREME). Ele iniciou a sua apresentação tratando dos objetivos da Agenda 2030 e o impacto na formação de recursos humanos, dentre eles o destaque para o objetivo número três: boa saúde e bem-estar – assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades. 

De acordo com Diego González, “o SUS tem que estar no centro desses objetivos, pois a maior fortaleza do SUS são os recursos humanos. E por isso, todos nós temos que contribuir de alguma maneira em apoiar a formação de recursos humanos do SUS para poder dar resposta a todas essas metas da agenda 2030”, afirmou. 

O conferencista alertou para uma das preocupações do momento, que é a infodemia - de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um excesso de informações, algumas precisas e outras não, que tornam difícil encontrar fontes idôneas e orientações confiáveis quando se precisa. “É necessário incentivar o uso de bons instrumentos de informação, de busca, de evidência, de conhecimento para poder dar respostas às perguntas que surgem no dia-a-dia do trabalhador do SUS”, afirmou.

Durante a apresentação, Diego apresentou plataformas de recursos educacionais, como o Acervo de Recursos Educacionais em Saúde da UNA-SUS (ARES); o Campus Virtual de Saúde Pública da OPAS/OMS; o Repositório Institucional da OPAS - Paho Iris, LILACS; DeCS/MeSH, a Biblioteca Virtual em Saúde e muitos outros que são utilizados pela BIREME para formar uma rede referencista, formada por bibliotecários especialistas em ferramentas de busca.

“Nós, como formadores de opinião, dentro e fora da academia, precisamos encontrar estratégias para nos atualizarmos, pois a educação permanente tem que acontecer para o gestor, para o profissional que já saiu da academia e também para aquele que está se formando ou já está formado”, disse a coordenadora da mesa, Celsa.

A educação permanente para o SUS

O pesquisador da Fiocruz, assessor e ex-secretário executivo da UNA-SUS, Francisco Campos, apresentou a importância da autonomia das universidades e da educação permanente para a continuidade da formação profissional por meio de um panorama histórico. Ele contou que, durante a constituinte, foi cogitado unificar a pasta da educação com a pasta da saúde. O professor utilizou a analogia de misturar água e óleo para enfatizar a impossibilidade do setor educacional em saúde estar sob a responsabilidade do Ministério da Saúde. “O SUS ordena a formação de recursos humanos”, explicou. O professor destacou que a UNA-SUS nos dá uma dimensão muito boa ao atingir mais de 5.570 municípios brasileiros e de forma que é possível afirmar que “em todos os lugares do Brasil, chegou algum tipo de conhecimento das iniciativas que são ofertadas pela UNA-SUS”, salientou.

A trajetória da UFPel na Rede UNA-SUS

A médica e professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Anaclaudia Fassa, apresentou a trajetória da instituição na Rede UNA-SUS, iniciada em 2011, com a demanda de ofertar o curso de Especialização em Saúde da Família, além de fomentar a produção de cursos em larga escala, na modalidade EaD e com acesso aberto. “A educação permanente, a formação profissional e a formação de docentes e tutores é fundamental para a qualificação da Especialização em Saúde da Família", apontou.

A professora também compartilhou as novidades desenvolvidas pela UFPel, com o auxílio da plataforma P2K, como o site sobre a pandemia da COVID-19 e a calculadora de EPI’s, para colaborar com o controle dos equipamentos de proteção e a projeção de leitos hospitalares.

Anaclaudia finalizou a sua participação saudando os trabalhadores da Atenção Primária à Saúde pelo esforço durante a pandemia. “Viva os trabalhadores da saúde, da linha de frente, viva os servidores públicos e viva o SUS. A gente precisa do SUS para sempre: o SUS equânime, que seja capaz de dar respostas para todos esses desafios que ainda os que virão”, declarou.

Para assistir à palestra na íntegra, acesse o canal da UNA-SUS/UFPI no Youtube.

Depois de formar: Qualificação das práticas profissionais no SUS

A segunda mesa do dia foi iniciada pela professora Isabela Cardoso, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que relatou que, desde o início das discussões sobre a reforma sanitária, pensar sobre os recursos humanos e a formação dos profissionais de saúde foi um grande investimento do SUS ao longo desses 33 anos. "A trajetória do SUS é marcada pelo investimento em políticas voltadas para a formação. O investimento que se fez na própria UNA-SUS, ao longo desses anos, denota e reflete esse processo de construção”, reiterou.

Para a professora, a formação após a graduação não deve ter como objetivo suprir as falhas da graduação, e sim permitir o aprendizado diante das necessidades que emergem da complexidade do trabalho em saúde. 

Isabela Cardoso apontou alguns desafios para a EPS: integração no sistema organizacional no qual a política seja capaz de influenciar práticas. Na dimensão técnica - capacidades, equipes e métodos. Na dimensão cultural, referente ao modus operandi. Na dimensão política - relativos às relações de poder estabelecidas entre as esferas de gestão e os diferentes atores envolvidos nas práticas de saúde.

A Rede UNA-SUS

A Secretária Executiva da UNA-SUS, Fabiana Damásio, apresentou os pontos formadores da estrutura da UNA-SUS, como o modelo de educação, as diretrizes gerais e a UNA-SUS em números. 

As diretrizes gerais consistem no acesso aberto ao conhecimento em saúde: interoperabilidade e reutilização; colaboração em rede das instituições participantes; centrada no trabalhador: necessidades do trabalho e valorização das trajetórias profissionais; contribuição com a integração ensino-serviço-comunidade na área da atenção à saúde; formação atenta às realidades do território e das necessidades das políticas brasileiras. "Temos como pilares da nossa ação, o compromisso coletivo, a abrangência e o reforço aos princípios do SUS", reiterou.

Para Fabiana, pensar no processo de democratização da educação foi norteador para a escolha do modelo de educação implementado na UNA-SUS, utilizando redes online para contemplar as áreas mais remotas do país, considerando as diferenças dos municípios brasileiros. 

Fabiana Damásio também apresentou números da UNA-SUS: mais 1,6 milhões de usuários cadastrados no nosso sistema, mais de 370 cursos e 1.184 ofertas, com 2,1 milhões de conclusões.

A formação em saúde para APS

O médico e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Nathan Mendes Souza, conhecedor da UNA-SUS por diversos ângulos, como bolsista, usuário e autor de cursos, compartilhou a sua experiência sobre a formação em saúde para APS.

Para o professor, quem trabalha na APS deve amar as pessoas, conhecer a comunidade e para além das habilidades técnicas e teóricas, deve ter boa comunicação. Do ponto de vista profissional, o professor ressaltou os pontos positivos da APS, pois é necessário ter as portas abertas com acesso avançado a todas as pessoas, inclusive pessoas de grupos vulnerabilizados como pessoas negras, pessoas LGBTQI+, pessoas em situação de rua, pessoas que exercem a prostituição, pessoas que estão privadas de liberdades e tantas outros grupos vulnerabilizados no nosso país, então o acesso tem que ser garantido a todos.

A consultora da SE/UNA-SUS e coordenadora da mesa, Edinalva Nascimento, destacou o investimento e progresso feito nesses 10 anos de UNA-SUS e sinalizou a participação da Rede: “Nós temos uma Rede com mais de 30 instituições públicas de qualidade que estão dispostas e qualificadas para ofertarem cursos, nós temos condições, corpo institucional para poder abraçar e fazer acontecer essa formação”, afirmou.

Para assistir à palestra na íntegra, acesse o canal da UNA-SUS/UFPI no Youtube.



Fonte: SE/UNA-SUS