Institucional

27ª Reunião da Rede UNA-SUS debate Telemedicina, Telessaúde e Mudanças no Processo de Trabalho

O terceiro dia de atividades contou a moderação do coordenador do Núcleo de Telemedicina e Telessaúde (NUTTS/UFG), Alexandre Chater Taleb.

- Ascom SE/UNA-SUS



A programação do terceiro dia da 27ª Reunião da Rede UNA-SUS (11/8/21), contou com a mesa redonda Telemedicina, Telessaúde e Mudanças no Processo de Trabalho. A moderação foi feita pelo coordenador do Núcleo de Telemedicina e Telessaúde (NUTTS), o Prof. Dr. Alexandre Chater Taleb, da Universidade Federal de Goiás (UFG).

O primeiro palestrante da mesa, o Prof. Dr. Chao Lug Wen, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), destacou que para compreender a telemedicina como ferramenta propedêutica, é necessário repensar o que é a telemedicina propriamente dita. Para ele, o conceito dos quatro hiper - hiperconectividade, hiperrealidade, hiperpresença e hiperinteligência - terá impacto no cenário da reorganização do sistema de saúde.

A hiperconectividade possibilita a velocidade, além de um número maior de dispositivos conectados por quilômetro quadrado. Além disso, a hiperrealidade permitirá que exames de diagnóstico por imagem sejam feitos por meio de realidade aumentada, realidade virtual e realidade imersiva. A hiperpresença permitirá complementar avaliações, em tempo real de uma forma não presencial. E para finalizar, a hiperinteligência, que consiste no uso da inteligência artificial, se dará com o uso de processamento em nuvem. “Essa é a expansão dos conceitos que nós ainda não usamos como rotina e é dentro desse cenário que nós temos que pensar de agora até 2030, na reorganização da telemedicina como um processo de aceleração da eficiência, e da aceleração do acesso”, afirma.

O professor Chao salienta que a telemedicina não é uma ferramenta, mas "um método de cuidados médicos não presenciais, usando tele tecnologias assistenciais.” O professor apresentou a citação do art.37, paragrafo único do código de ética médica:  O atendimento médico a distância, nos moldes da telemedicina ou de outro método, dar-se-á sob regulamentação do Conselho Federal de Medicina. Portanto, telemedicina é um ato médico. Para realizar uma boa telemedicina, é necessário desenvolver um manual de boas práticas, assim como existe de outras áreas médicas, como exemplo o manual de boas práticas em teledermatologia.

O professor confrontou a crença de que a telemedicina não permite a realização de exames fisícos com os princípios metódicos de Hipócrates, que apresenta a propedêutica, a anamnese, a observação e também que é possível que o paciente realize a auto palpação, auto manobras para complementação de um diagnóstico. Assim, "a telemedicina possibilita a telepropedêutica comportamental, quando é possível analisar um paciente realizando uma refeição para que o médico possa analisar deglutição e entre outros", explicou.

Experiência na oferta de Pós-Graduação stricto sensu - mestrado em Telemedicina

A Profª. Draª Alexandra Maria Monteiro, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), apresentou as experiências da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) na oferta da pós-graduação stricto sensu em telemedicina e telessaúde.

O curso é totalmente a distância e é organizado por linhas de pesquisa com foco nos conceitos e nas premissas desenvolvidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre Tecnologias e Educação à Distância em Saúde, Assistência Remota e Inteligência Artificial em Saúde. O mestrado tem origem no curso de telessaúde da UERJ e foi institucionalizado em 2003, com atividades locais, nacionais e internacionais.

De acordo com a professora, o ambiente virtual de aprendizagem é organizado por conteúdos, por áreas temáticas. Algumas ações durante a pandemia de coronavírus, foram consideradas importantes, como por exemplo, “a atuação na formação de pessoas, na qualificação de pessoas que foi ampliada também para área de inclusão social pelo Telessaúde na escola, por meio do desenvolvimento de materiais específicos que foram todos planejados desde o processo de roteirização com alunos de iniciação científica Júnior aqui da UERJ”, destacou.

A professora pontuou que “precisamos formar pessoas, os marcos legais estão cada vez mais acelerados, precisamos trazer não só os conceitos éticos das profissões em saúde, mas também os marcos regulatórios que estão acontecendo”, explicou. A professora destacou que a transformação digital na saúde, em 2014, “era um desejo que vinha acontecendo de forma bem paulatina. Hoje, já é uma realidade. Assim como o banco digital foi para a palma da mão, a saúde está indo para a palma da mão”, afirmou.

De 2014 a 2021, foram 133 discentes com idade média de 37 anos, a maior porcentagem está entre as mulheres, com 56,64% e os homens com respectivamente, 43,36%.
Mas para além disso, “o resultado final esperado é que os projetos desenvolvidos do mestrado tese de saúde agreguem valor a sociedade”, afirmou. Alexandra Monteiro sinalizou ao final da apresentação que o novo edital deverá ser publicado no início de outubro 2021.

 A Visão do DESD/SE/MS

A diretora do departamento de Saúde Digital da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde, Adriana da Silva e Sousa falou sobre a Visão do Departamento sobre Saúde Digital. A médica iniciou a sua palestra apresentando o departamento de Saúde Digital (DESD) e as suas diretrizes.

Em maio de 2019, o DESD foi instituído no novo organograma do Ministério da Saúde, sua essência é a telemedicina, a telessaúde e todo o contexto de saúde digital no Brasil. Suas diretrizes consistem em: transpor barreiras socioeconômicas, culturais e sobretudo geográficas para os serviços e as informações em saúde; Prover maior satisfação do usuário, maior qualidade do cuidado e menor custo para o SUS; Promover qualidade do cuidados de saúde: segura, oportuna, efetiva, eficiente, equitativa e centrada no paciente; Reduzir filas de espera; Reduzir tempo para atendimento ou diagnósticos especializados; Evitar os deslocamentos desnecessários de pacientes e profissionais de saúde. O departamento é composto por duas coordenações, a coordenação geral de política de inovação (CGPIN) e a coordenação geral de projetos de saúde digital (CGPRO).

Adriana pontuou alguns benefícios promovidos pela saúde digital, como o maior acesso a serviços de saúde de qualidade, universalização dos serviços de saúde, redução de custos com deslocamento, superação de barreiras geográficas, troca de informações entre profissionais de saúde em tempo real, educação à distância em saúde, facilidade para discussão de casos e segunda opinião qualificada, interpretação e emissão de laudos médicos remotamente, agilidade na entrega de resultados (laudos digitais) e prontuário médico acessado por qualquer dispositivo na internet.

Além disso, Adriana apontou algumas necessidades que precisam ser desenvolvidas, como por exemplo, a estrutura de regulamentação insuficiente para proporcionar alinhamento entre as políticas nacionais; baixa interoperabilidade entre os sistemas; inexistência de um marco legal da estratégia de saúde digital no Brasil; baixa conectividade; infraestrutura inadequada em algumas localidades remotas; baixa adesão nas ofertas de capacitação profissional; monitoramento das atividades realizadas por entidades financiadas pelo Ministério da Saúde,  é por meio da plataforma SMART.

De acordo com diretora, outros pontos são relevantes para o aprimoramento da telessaúde como estratégia de expansão da saúde digital: a implantação de núcleos de telessaúde em estados que não tiveram implantação, a identificação de novas tecnologias de inovação em saúde, análise de aderência de novas estratégias de saúde digital, em consonância com as políticas e programas no âmbito do Ministério da Saúde e o melhor alinhamento na pactuação entre União, Estados, Municípios e o DF.

“Atualmente, nove projetos que tratam sobre saúde digital estão em execução no Ministério da Saúde. Com oferta nacional, nós temos o Núcleo Telessaúde Estadual de Goiás com a especialidade em oftalmologia, o Núcleo Telessaúde Estadual de Santa Catarina, com a especialidade em dermatologia e o Núcleo Telessaúde Estadual de Minas Gerais, com a especialidade em eletrocardiograma”, afirma.

Para assitir à palestra na íntegra, acesse o canal YouTube do NUTEDS/UFC.