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UNA-SUS debate sobre inovações tecnológicas em congresso de educação médica

- Ascom SE/UNA-SUS



Na última sexta-feira, 14, representantes da Rede UNA-SUS participaram do 54º Congresso Brasileiro de Educação Médica (COBEM), no Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Durante todo o congresso, alunos, docentes e gestores dividiram palco e platéia. As salas cheias se revelaram solo fértil para o debate,  reflexão e  troca dos mais diversos pontos de vistas e experiências no âmbito da educação médica. 

E foi de forma bastante articulada que a UNA-SUS  apresentou suas experiências na mesa "As novas tecnologias em educação em saúde e utilização dos meios eletrônicos", que teve também uma apresentação do estudante de medicina da Universidade de Brasília (UnB), Edison Tostes. 

A coordenadora da UNA-SUS na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UNA-SUS/UFCSPA), Alessandra Dahmer, iniciou as apresentações da mesa compartilhando a experiência no uso de plataformas digitais, por meio das cidades digitais desenvolvidas para a qualificação e educação permanente de profissionais de saúde. 

As cidades virtuais de Santa Fé, Muiraquitã e São Luís Gonzaga foram moldadas em cada detalhe para que a experiência do aluno em curso seja a mais real possível. A geografia, o clima, a arquitetura, a cultura e até o desenvolvimento de canais de comunicação para os habitantes compõem os diversos contextos no qual estão inseridos os  casos clínicos apresentados aos profissionais de saúde durante os cursos. Para conhecer as cidades digitais, clique aqui.

Dahmer também apresentou a experiência do APS Game, jogo virtual que simula casos clínicos, nos quais os  alunos realizam atendimento a um paciente. O game é dividido em três etapas investigativas - anamnese, exames físicos e exames complementares - e uma etapa de solução do caso. Ao final, são apresentados comentários focados nas etapas em que o jogador teve maior dificuldade, apontando conteúdos que possam ajudá-lo em futuras tentativas. O jogo está disponível no link

Atualmente, a universidade está avançando para uma etapa de realidade virtual imersiva, com a utilização de óculos 3D, que faz com que o alunos realmente se sinta no ambiente virtual, entrando em casas, comunidades ribeirinhas etc. Também já estão trabalhando com sensores de movimento, para trabalhar com questões manuais. “Queremos fazer games que o aluno possa interagir com o material”, explica Alessandra.

Em seguida a coordenadora da UNA-SUS/UFMA, Ana Emília Oliveira, apresentou a experiência no desenvolvimento de tecnologias mobile para ampliar o acesso aos recursos educacionais ofertados nos cursos da universidade. Depois de uma longa jornada, a Saite Store desembarca no mundo dos aplicativos com a proposta de reunir conteúdos de cursos inteiros, transformados em e-books, possibilitando o acesso offline na palma da mão, a qualquer hora e lugar. A loja foi desenvolvida pensando nos alunos do interior do Maranhão, que muitas vezes deixavam de estudar por falta de conexão. Atualmente está disponível para download com sistemas iOS e Android. A versão web da loja será lançada no próximo mês. Para conhecer, clique aqui.

“A formação profissional deve se adaptar às tecnologias e, quando se trata de educação, devemos pensar em situações que possibilitem que o aluno estude por meio de dispositivos móveis”, afirma Ana Emília. Ao total, a Saite possui 91 livros virtuais, distribuídos em 11 áreas temáticas. 

O coordenador de avaliação e monitoramento de projetos e programas da Secretaria Executiva da UNA-SUS, Alysson Lemos, relatou sua experiência na concepção e disponibilização de recursos educacionais na modalidade de ensino à distância. "Tudo aquilo que é produzido pelo Sistema UNA-SUS, nós consideramos um patrimônio público. então, foi criado um acervo de recursos educacionais para que tudo que for produzido seja disponibilizado para quem quer que seja”, disse.

A apresentação teve enfoque na utilização de casos clínicos, que possibilitam a análise de situações-problema vividas cotidianamente nas unidades de saúde. “Tudo é pensado com ênfase no aluno, com flexibilidade na aprendizagem, levando em consideração os conhecimentos prévios. disponibilidade de tempo, motivação, aptidão e estilo”, conta Alysson.

Quatro cursos oferecidos pela SE/UNA-SUS se utilizam dos casos clínicos como principal ferramenta de aprendizagem: Atualização do Manejo Clínico da Dengue,Atualização do Manejo Clínico da Influenza, Hanseníase na Atenção Básica e Manejo da Coinfecção Tuberculose-HIV (TB-HIV). São cursos rápidos e dinâmicos. “Entendemos que ter uma oportunidade educacional rápida, direcionado ao profissional, seria de bom grado a todos”, conta Lemos. Não é à toa que a média de inscrições nesses cursos é de 20 mil matrículas.

O arremate da mesa ficou por conta do estudante de medicina da UnB, Edison Tostes, que falou sobre as novas tecnologias no contexto da educação em saúde. Ele trouxe para o debate o ponto de vista do aluno sobre o uso de softwares livres, aplicativos, repositórios de recursos educacionais e as mídias sociais no processo de ensino aprendizagem, bem como importância da adoção de tais ferramentas pela academia, que ainda oferece certa resistência à inovação. 

Para Edson, as tecnologias permitem a redução da carga horária, flexibilização do estudo, e disponibilização do material ao aluno o tempo todo. “Em um ambiente de múltiplas informações, precisamos explorar todos os recursos que estão a nossa disposição para aprender”, reflete.

Aprendizado Colaborativo 

A coordenadora da UNA-SUS/Universidade Federal de Pelotas, Anaclaudia Gastal coordenou a mesa redonda Integração ensino-serviço-comunidade com o tema "Formação interprofissional: como integrar o estudante e ampliar a capacitação da equipe de cuidado" e também esteve presente na mesa redonda Educação Permanente com o tema "Como utilizar os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) na educação médica continuada".

Na conferência seguinte, os consultores da SE/UNA-SUS Luiz Carlos Lobo e Lina Barreto se juntaram para falar sobre “Conectividade, Conhecimento Coletivo e Aprendizado Colaborativo”. Lina moderou a mesa e a experiência do professor Lobo, presidente de honra do congresso, tomou conta do debate. 

O consultor falou sobre a importância de um ensino centrado no aluno, e não no professor e seus saberes.  Para ele, essa seria uma ação de grande impacto na prática médica. “Hoje o médico atende o paciente como um professor atende o aluno, como se fossem os detentores do conhecimento”, analisa. Para Lobo, essa prática deveria mudar, posicionando o professor como alguém que oriente.

De acordo com Lobo, a meta do professor e do aluno deve ser assegurar o aprendizado, e não simplesmente passar conteúdos de forma massante. “Essa é uma responsabilidade social. O aprendizado tem que ser sempre ativo, com motivação imediata. Ou seja, o aluno deve perceber o que está aprendendo e a importância desse conhecimento a curto, médio e longo prazo”, explica. 

Lobo ressaltou ainda a importância da troca de conhecimentos e a criação de redes colaborativas que proporcionem o empoderamento do aluno ou paciente. “Queremos um ensino em que a teoria interaja com a prática. Temos que partir do real, e o real é interdisciplinar”, finalizou.

Barreto finalizou a conferência destacando o crescimento das redes colaborativas em todo o mundo, os chamados MOOC’s. “Existem hoje algumas experiências nos EUA com as redes colaborativas de aprendizagem. O MIT (Massachusetts Institute of Technology) começou a fazer grandes turmas, de 25 mil alunos, e percebi que as pessoas não se inscrevem apenas pelos grandes nomes que compõem a lista de docentes, mas especialmente por conta da rede. Afinal, grandes nomes também figuram como alunos. Então, a rede aparece como uma possibilidade de conexões para o desenvolvimento de pesquisas, trabalhos conjuntos e orientação”, pontuou a consultora.

Fotos: Sérgio Velho Junior/ SE/UNA-SUS