Institucional

Rede UNA-SUS discute currículo mínimo no ensino da Saúde Digital nas graduações da área da saúde

O debate explicitou a necessidade de avançar na implementação e consolidação das práticas de saúde digital na área da saúde, começando com as ações de educação.

- Ascom SE/UNA-SUS



O painel Currículo Mínimo no Ensino da Saúde Digital nas graduações da área da saúde ocorreu na última quarta-feira (11/8/21), durante a 27ª Reunião da Rede UNA-SUS. A atividade contou com a moderação do Professor da UNA-SUS/UFMG e ex-secretário executivo da SE/UNA-SUS, Francisco Eduardo de Campos, que falou sobre os desafios da implementação de cursos em gestão no campo da saúde, fazendo um paralelo com as dificuldades enfrentadas para que o ensino de Saúde Digital seja consolidado no Brasil.

A Importância do Ensino da Saúde Digital nas Graduações da Área da Saúde

Durante palestra sobre a importância do ensino da Saúde Digital nas graduações da área da saúde, o coordenador Núcleo de Tecnologias e Educação a Distância em Saúde da Faculdade de Medicina da UFC (NUTEDS/UFC), Luis Roberto de Oliveira abordou o cenário da Saúde Digital no mundo. “O primeiro sinal que encontramos afora é o reconhecimento da Saúde Digital como uma tecnociência. Não há mais como dizer que ela não é uma ciência com seu próprio corpo de conhecimento”, afirmou. O professor destacou que a área “possui caráter multi, inter, transdisciplinar, sendo assim, é uma tecnociência na qual é preciso convergir conhecimento de diversas áreas”, explicou.

Além disso, destacou a necessidade de compartilhar conhecimento e construir uma força de trabalho entre três grupos: um ligado às tecnologias (não clínico); os grupos clínicos, formados pelas profissões da saúde e o grupo relacionados às tecnologias de operação, incluindo a gestão, planejamento estratégico, governança, logística.

Luíz destacou também que, para implementar e consolidar a convergência, é preciso identificar parcerias para incentivar pesquisas, criar programas strict sensu profissionalizantes, além de substituir a ideia vaga de “recursos humanos” para “força de trabalho”, para que seja possível identificas os três grupos (não clínico, clínico, tecnologias de operação). “Esses grupos todos produzem, constroem e consomem informação, e precisam convergir”, disse.

De acordo com o professor, é preciso avançar na implementação e consolidação das práticas de saúde digital na área da saúde, e isso começa com as ações de educação. “Como teremos uma saúde digital que avance, se não estamos formando profissionais necessários?”, indagou. “Saúde digital é, inicialmente, uma questão cultural, e questões culturais não se mudam por decreto, e sim por educação. Nesse contexto, é fundamental saber que este é um trabalho amplo, gradual e desafiador”.

O coordenador do NUTEDS defendeu que o ensino da saúde digital se torne obrigatório nas graduações “Essa obrigatoriedade equivale à preparar os profissionais essa esse futuro irreversível, atingindo ao triplo objetivo da saúde digital: melhorar a qualidade do atendimento, o acesso aos cuidados de forma equânime e finalmente, dimunuir os gastos, racionalizando os custos” “Se não tivermos a educação  profissionais adequados, não vamos atender esses três objetivos, e se não tivermos a educação, teremos a descoberta de talentos dificultada no país”, finalizou.

Visão Atual e Perspectivas Futuras do Ensino de Saúde Digital no Curso de Medicina da UFPE

Professor adjunto centro de ciências médicas da UFPE, Amadeu Sá de Campos, falou sobre Visão Atual e Perspectivas Futuras do Ensino de Saúde Digital no Curso de Medicina da UFPE. O professor fez um breve histórico sobre a saúde digital nos cursos de medicina, que começou em 1997, com a inclusão da disciplina de Informática em Saúde.

A proposta de inserção da saúde digital foi dividida entre informática básica, incluindo temas como sistemas de informação em saúde, pesquisa em bases de dados, comunidades virtuais etc. No segundo ano, iniciava-se a informática avançada, com matérias como processamento de sinais e imagens médicas, sistemas de registro de prontuário eletrônico, telemedicina e telessaúde, entre outros. Há também as disciplinas eletivas, como Informática Médica e Saúde Digital.

Entre os principais desafios, Amadeu destacou questões de infraestrutura, como o laboratório com espaço para acomodar todos os alunos, conexão e equipamentos de qualidade, além das dificuldades do ensino remoto causadas pela pandemia. “Essa discussão durante o evento é muito importante, pois é uma forma de construir um modelo de ensino de saúde digital”, afimou.

Formação transversal sobre SD na graduação em Medicina

A coordenadora do Centro de Informática em Saúde da UFMG, Zilma Silveira Nogueira Reis apresentou o projeto da instituição para a criação de uma formação transversal sobre Saúde Digital, além de trazer experiências com a disciplina. “A saúde digital já está inserida nas práticas da medicina, por isso a urgência de prepararmos os profissionais para essa transformação digital”.

Uma das iniciativas para promover a saúde digital na UFMG, foi a criação do Centro de Inovação em Inteligência Artificial para a Saúde, composto por pesquisadores da Universidade e outras instituições, com foco em pesquisas e soluções na área para auxiliar profissionais para o diagnóstico, tratamento de doenças etc. A iniciativa aborda o uso de aplicações de IA nos seguintes eixos: prevenção e qualidade de vida; diagnóstico, prognóstico e rastreamento; medicina terapêutica e personalizada; sistemas de saúde e gestão; e epidemias e desastres.

O centro tem como objetivo criar formações transversais, com estruturas formativas de formação complementar, nas quais as atividades acadêmicas curriculares e constituintes são articuladas por meio da temática de interesse geral, visando incentivar a formação do espírito crítico e de visão aprofundada em relação às grandes questões do país e da humanidade. Essa formação transversal precisa ter, pelo menos 300 horas aula, com certificado emitido a qualquer estudante de graduação da UFMG, com a possibilidade de integralizar a carga horária do núcleo complementar. O objetivo é que o projeto de formação transversal esteja disponível a partir do primeiro semestre de 2022.

Para assistir às palestras na íntegra, acesse o canal do NUTEDS no YouTube.



Fonte: SE/UNA-SUS