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Programa brasileiro de AIDS salva 9,2 milhões de anos de vida, afirma trabalho apresentado nos EUA

- Ascom SE/UNA-SUS



SEATTLE – Estima-se que a terapia universal com antirretrovirais (TARV) oferecida pelo Brasil entre os anos de 1997 e 2014 tenha salvo 9,2 milhões de anos de vida, de acordo com dados apresentados na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI 2015) realizada em Seattle, nos EUA.

Segundo os pesquisadores, “a política nacional brasileira de acesso livre à TARV tem resultado em expressivos benefícios quanto à sobrevivência”. Eles acrescentaram ainda que “as contagens de CD4 mais altas no início da TARV e as melhorias nos esquemas iniciais e subsequentes de TARV vêm contribuíndo substancialmente para estes benefícios”.

A médica Paula Mendes Luz – PhD do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) – e seus colegas usaram o modelo matemático CEPAC-International para medir a expectativa de vida de pacientes brasileiros com HIV que iniciaram TARV no início do programa. Dados iniciais foram coletados a partir da coorte clínica de HIV do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (IPEC), bem como de bancos de dados governamentais.

Para refletir quaisquer mudanças na política e melhorias implementadas nos esquemas, o prazo total do estudo foi dividido em seis períodos (1997-1999, 2000-2003, 2004-2007, 2008-2012, 2013, 2014). Coortes de pacientes com características que refletiam seus respectivos períodos foram simulados a partir do início do tratamento em dois cenários: sem TARV e com TARV. O aumento na taxa de sobrevivência per capita decorrente da TARV foi multiplicado pelo número estimado de pacientes iniciando TARV naquele período, a fim de obter os anos de vida adicionais.

Ao longo de 18 anos, estimou-se que 618.500 pacientes com HIV iniciaram TARV no Brasil. As médias das contagens de CD4 no início do tratamento variavam entre 139/µL (1997-1999) e 510/ µL (2014). Como resultado da TARV, a expectativa de vida por pessoa aumentou em 7 anos, 13,5 anos, 16,4 anos, 17,9 anos, 19,6 anos e 18,9 anos em cada período sucessivo em estudo, não apresentando novas melhorias ao longo do tempo. Isso resultou em um tempo de sobrevivência estimado de 9,2 milhões de anos de vida – dos quais 1,5 milhões de anos de vida a partir de 2014.

"Um possível próximo passo seria não apenas estimar os benefícios para a saúde, mas também os custos”, disse Luz ao site norte-americano Infectious Disease News. “Assim, podemos ver o grande custo-benefício desta política para o Brasil, somado aos melhores índices de sobrevivência".

Referência: Luz PM, et al. Abstract 1119. Apresentado em: Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (Conference on Retroviruses and Opportunistic Infections); 23-26 fevereiro de 2015; Seattle, EUA.

Fonte: Blog da Saúde