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ONU Mulheres: Seminário propõe ações para enfrentar violência sexista

- Claudia Bittencourt



debate no primeiro painel do Seminário Internacional Cultura da Violência contra as Mulheres destacou as especificidades raciais e étnicas no enfrentamento às agressões a direitos da população feminina. A sessão, realizada na tarde de quarta-feira (20), abordou perspectivas propositivas para uma cultura de não-violência contra as mulheres.

O seminário é organizado pelo Instituto Vladimir Herzog e pelo Instituto Patrícia Galvão, em parceria com a ONU Mulheres, Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República e Fundação Ford. Na ocasião, a ex-ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, questionou o conceito de “cultura da violência” afirmando que a cultura é socialmente construída.

“Não é a violência que cria a cultura, mas esta que define a violência e aceita em maior ou menor grau as práticas violentas”, citando vínculos profundos entre a violência sexista e o racismo na história da nação.

“Se não retornarmos a essa discussão das bases ideológicas que nos trouxeram ao momento atual vamos reproduzir o senso comum despolitizado que vigora na sociedade brasileira hoje, de que a sociedade é violenta e precisa de mais polícia, redução da maioridade penal e fazer com que as mulheres ‘se comportem’ para não serem estupradas, o que é um retrocesso”, frisou.

A especialista Rita Segato alertou para a dominação dos corpos das mulheres como um objetivo estratégico de guerra, uma mudança de qualidade no desenvolvimento das disputas econômicas. E defendeu que o Estado precisa restaurar um tecido comunitário, no sentido construído pelos povos originários, para preservar os direitos e a vida das mulheres.

A procuradora e consultora da OEA, Flávia Piovesan ressaltou a importância de considerar as especificidades dos segmentos atingidos pela violência e lembrou que “as políticas universalistas são absolutamente estáveis no sentido de perpetuar as desigualdades étnico-raciais em nosso país”.
A relação entre o álcool e a violência doméstica foi abordado pela pesquisadora Lori Heise e professora titular da London School of Hygiene and Tropical Medicine.

“Como feminista penso que não temos ouvido o que as mulheres têm a dizer. Não se trata de desculpar esse comportamento, mas reconhecer o papel do álcool no agravamento da violência”, afirmou.

A perspectiva defendida por Lori aponta para o desafio do movimento feminista e organizações de defesa dos direitos das mulheres questionarem o papel da indústria de bebidas na promoção ou eliminação da violência de gênero para além dos estereótipos sexistas e objetificadores comumente usados por esse ramo econômico na publicidade de seus produtos.

Leia mais sobre os debates no Seminário aqui.

Fonte: ONU Brasil