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Hanseníase é tema de curso da UNA-SUS

- Ascom SE/UNA-SUS



No mês em que é celebrado o Dia Mundial de Combate à Hanseníase (31/01), o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria Executiva da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) e Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), oferece o curso online Hanseníase na Atenção Básica, que inicia nessa quinta-feira (19) suas matrículas. A capacitação pretende preparar os profissionais para atuarem no controle da transmissão da hanseníase e diminuir as incapacidades causadas pela doença. O público-alvo são os trabalhadores da saúde de todo país, mas o curso é livre para demais interessados.

Para saber mais e se matricular, acesse a página do curso, o início é imediato.

A formação possui carga horária de 45 horas e é dividida em três unidades: vigilância; diagnóstico; e acompanhamento da hanseníase na Atenção Básica. Os casos clínicos são transversais, abrangendo e integrando os aspectos de controle da doença.

Em sua quarta oferta – a primeira turma foi lançada em outubro de 2014 – o curso já teve mais de 38 mil inscritos. Entre os perfis profissionais que mais buscam a capacitação 46% são enfermeiros; 19% são técnicos de enfermagem e 12%, médicos. A maioria dos inscritos atuam em Centros e Unidades Básicas de Saúde (53%); Hospitais Gerais (16%) e Secretarias de Saúde (5%). Os estados com maior número de matrículas são: São Paulo (2.600); Minas Gerais (2.582); Ceará (1.707) e Bahia (1.600).

Segundo a Coordenadora Geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação - do Ministério da Saúde, Carmelita Ribeiro, a capacitação subsidia os profissionais de saúde para atuarem na vigilância e na atenção à pessoa afetada pela hanseníase, na perspectiva do cuidado integral, bem como, do acolhimento e do combate a discriminação e estigma.  "A oferta do curso é de extrema importância para ampliar a detecção precoce de casos novos de hanseníase, tendo em vista que qualifica os profissionais de saúde na perspectiva da educação permanente com grande capilaridade em todo o país”, explica.

De acordo com Yasmin dos Santos, ex-aluna da capacitação e enfermeira em Porto Velho (RO), o curso trouxe novas informações e conhecimentos para sua formação profissional. "Vi muitas coisas que eu desconhecia, mesmo já tendo estudado a doença na minha graduação. Isso me ajudou muito no atendimento aos pacientes, inclusive na minha atuação em um centro de medicina tropical em que muitos pacientes realizavam o tratamento de hanseníase", afirma.

Para a farmacêutica e também ex-aluna do curso, Quéli Seifert, que atua em um Centro de Especialidades em Saúde em Criciúma (SC), o grande diferencial foi a organização do conteúdo. “Tudo está bem explicado e temos outros materiais de apoio em links e downloads, caso surjam dúvidas”, conta. “Apesar de o curso ser destinado para o cuidado do paciente com hanseníase e essa não ser a minha atuação direta, ele nos traz uma visão ampla do tratamento que me ajudará inclusive no esclarecimento de dúvidas relativas ao medicamento e acompanhamento farmacoterapêutico do paciente”, finaliza Quéli.

O curso é dinâmico e utiliza metodologia diversificada. Além dos casos clínicos, bastante utilizados nos cursos da UNA-SUS, são oferecidas vídeo-aulas com explicações de especialistas sobre o tema, além de vídeos de apoio com dramatizações que tratam do tema da vídeo-aula. São também utilizados hipertextos, caixas de ajuda e glossário para que se possa aprofundar os conhecimentos de termos técnicos.

A HANSENÍASE - A Hanseníase é uma doença crônica, transmissível, de notificação e investigação compulsória, causada pelo Mycobacterium leprae, capaz de infectar grande número de indivíduos (alta infectividade), apesar da baixa patogenicidade (poucos adoecem). Tem predileção pela pele e nervos periféricos, podendo cursar com surtos reacionais intercorrentes, o que lhe confere alto poder de causar incapacidades e deformidades físicas, principais responsáveis pelo estigma e preconceito que permeia a doença.

 A transmissão se dá pelas vias áreas superiores, de uma pessoa doente sem tratamento, para outra, após um contato próximo e prolongado, especialmente os de convivência domiciliar (grupo com maior risco de adoecimento). Por isso, é prioridade o exame de todas as pessoas que convivem ou conviveram com o caso de hanseníase por um tempo prolongado, para detecção precoce e tratamento, uma vez que o diagnóstico tardio favorece o aparecimento de incapacidades físicas.

A hanseníase tem cura e seu tratamento é gratuitamente ofertado pelo SUS, disponível nas unidades públicas de saúde de todo o país. É feito por via oral, com a Poliquimioterapia (PQT), uma associação de três antibióticos. O esquema de tratamento depende da classificação da doença: Paucibacilar (PB) com 06 doses em até 09 meses, ou Multibacilar (MB), com 12 doses em até 18 meses.

Além do exame dermatológico, os pacientes deverão ser submetidos a uma avaliação neurológica simplificada, orientados quanto aos cuidados com olhos, mãos e pés para prevenção de incapacidades.

No Brasil, o enfrentamento da hanseníase é baseado na busca ativa de casos novos para o diagnóstico na fase inicial da doença, tratamento oportuno e cura, visando eliminar fontes de infecção e evitar as sequelas e incapacidades decorrentes.  

Em 2015, o Brasil registrou 28.761 casos novos de hanseníase, correspondente a taxa de detecção de 14,07 /100 mil habitantes, ainda considerado alto para os parâmetros da OMS. Destes, 2.113 (7,34%) foram diagnosticados em menores de 15 anos, sinalizando focos de infecção ativos e transmissão recente.

Apesar disso, como resultado das ações voltadas para o controle da transmissão da doença, entre 2006 e 2015, a taxa de detecção reduziu 28%, o que corresponde a redução de 43.652 para 28.761 casos novos nesse período.

Em abril de 2016 a Organização Mundial da Saúde (OMS), lançou a Estratégia Global para enfrentamento da Hanseníase 2016-2020, com o objetivo de reduzir ainda mais a carga da doença no âmbito global e local.