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Em entrevista ao Roda Viva, ministro da Saúde fala sobre os avanços do SUS em seus 27 anos de existência
“O SUS foi capaz de fazer uma grande mudança na morbidade, nas doenças, na transição nutricional. (O Brasil) é o único país no mundo que aceitou um sistema de saúde universal”. Essas foram as palavras iniciais do ministro da saúde, Arthur Chioro, que na noite desta segunda-feira (21/7) participou, ao vivo, do programa Roda Viva, no qual, por cerca de uma hora e meia, abordou diversos assuntos relacionados ao Sistema Único de Saúde (SUS), seus avanços e desafios.
Para profissionais da área de saúde e jornalistas especializados, Chioro respondeu a perguntas sobre os Programas Mais Médicos e Mais Especialidades, falou sobre o financiamento para a saúde e a expansão dos cursos de Medicina, comentou a regulação dos planos de saúde, a criação da Divisão de Crimes de Saúde, da Polícia Federal, entre outros temas.
Assista à íntegra da entrevista:
Especial 62 anos do MS: Implantação do SUS
No próximo sábado, 25 de julho, o Ministério da Saúde comemora 62 anos de criação. Embora a história da saúde pública brasileira tenha início em 1808, o Ministério da Saúde só foi instituído no ano de 1953, com a Lei nº 1.920, que dividiu o então Ministério da Educação e Saúde em duas pastas distintas.
Atualmente, além de cuidar das ações de saúde pública e regulação, o Ministério da Saúde coordena nacionalmente o Sistema Único de Saúde (SUS), que é uma das mais importantes e avançadas políticas sociais vigente no Brasil. O SUS é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo e garante assistência integral e inteiramente gratuita a todos os cidadãos brasileiros.
O início do pensamento que originou o SUS se deu nos anos 70 e 80, quando diversos grupos se engajaram no movimento sanitário, com o objetivo de pensar um sistema público para solucionar os problemas encontrados no atendimento da população, defendendo o direito universal à saúde.
As discussões culminaram na 8ª Conferência Nacional da Saúde (CNS), realizada em Brasília, em 1986, consagrando o projeto que deu base ao sistema. A médica sanitarista Neyde Glória, que trabalha no Ministério da Saúde desde 1981, esteve presente na 8ª CNS e conta que o SUS surgiu do desejo de universalizar o direito à saúde para abranger todos os brasileiros. “O SUS era um sonho de ter um sistema de saúde público e potente, que realmente cobrisse toda a população. Até este período, o Ministério da Saúde era responsável apenas pelos problemas relacionados à saúde coletiva, como endemias, vacinação. Já a assistência médica pessoal não era entendida como um problema de saúde pública. A partir da criação do SUS, todos os problemas de saúde passaram a ser entendidos como um problema de saúde pública”, conta.
Oficialmente, o Sistema Único de Saúde foi instituído em 1988 pela Constituição Federal Brasileira, que determinou como dever do Estado a garantia da saúde da população brasileira. “A criação do SUS foi um grande feito. Até hoje tenho um sentimento muito bom de ter vivido este momento, importante e marcante para a história do país”, lembra Neyde.
A construção do sistema foi feita com um trabalho conjunto e com foco no cidadão. A médica afirma que foi necessário esforço para superar o déficit de estrutura. “Claro que não foi uma mágica, por que justamente a quantidade e a distribuição do serviço em território nacional era pequena em relação à necessidade. Foi necessário muito planejamento e investimento para capilarizar o atendimento”, disse ela.
Dentre seus preceitos, os SUS prioriza a universalidade, integralidade e a equidade. Universal, pois atende a todos sem cobrar nada, independente de raça ou condição social; integral, pois trata a saúde como um todo com ações que, ao mesmo tempo, pensam no indivíduo sem esquecer da comunidade; equalitário pois oferece os recursos de saúde de acordo com as necessidades de cada um.
Desde o ano 2000, o sistema é administrado de forma tripartite, com uma parceria dos Governo Federal, Estadual e Municipal. Os três são responsáveis pela administração, implantação, gestão e financiamento dos recursos que custeiam o SUS. O orçamento do Governo Federal repassado para o Ministério da Saúde gira em torno 101 bilhões de reais. Apenas em 2014, foram realizados mais de 4,1 bilhões de procedimentos ambulatoriais e 1,4 bilhão de consultas médicas por meio do SUS no Brasil.
Fonte: Gabriela Rocha/ Blog da Saúde