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Dermatologista pernambucano cria repelente natural contra o Aedes

- Ascom SE/UNA-SUS



A partir de uma necessidade familiar, o casal formado pelo pesquisador e dermatologista Djalma Marques e pela engenheira química Fátima Fonseca criou um produto capaz de repelir o mosquito transmissor da dengue, da chikungunya e do zika vírus, sem ferir os princípios naturalistas adotados pela família desde a década de 1980. A fórmula, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pode ser usada por grávidas e bebês e já está sendo comercializada.

Além de proteger os filhos contra os mosquitos do bairro de Aldeia, próxima à casa da família, no município de Camaragibe, o repelente, feito à base de óleos naturais, tem chamado a atenção de farmácias de Pernambuco, devido à preocupação com as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.

Djalma Marques é pesquisador aposentado da Fiocruz (Foto: Reprodução/TV Globo)

Pesquisador aposentado da Fiocruz, Djalma iniciou as pesquisas para a criação do repelente em 2008. “Meus filhos, quando pequenos, entravam na mata e muitas vezes voltavam picados por mosquitos. Não queríamos usar os repelentes que já existiam no mercado porque nossa família tem uma tradição de consumir coisas naturais e esses produtos contêm substâncias mutagênicas, capazes de gerar mutações nas células da pele”, explica.

Para não fugir das práticas naturais, o objetivo era criar um produto que afastasse os mosquitos sem nenhum tipo de aditivo químico como o deet, substância tóxica comum entre os repelentes do mercado e proibida em alguns países. “Nas nossas pesquisas, descobrimos que algumas comunidades indígenas criam óleos para se proteger das picadas de mosquitos”, afirma.

A partir do material coletado com os índios, os pesquisadores verificaram a eficácia dos óleos para criarem o próprio produto. Depois de testes feitos em casa com recursos financeiros próprios, o projeto foi enviado e aprovado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Com a aprovação da ideia, os pesquisadores receberam ajuda da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) no valor de R$ 4 milhões.

Finalizada em 2014, a pesquisa resultou na criação de um produto que mistura óleos essenciais de plantas como alecrim, cravo, citronela e andiroba. Além da isenção de compostos químicos, o produto contém probióticos, micro-organismos que repõem substâncias da pele perdidas durante o banho com sabonetes comuns.

Além da proteção contra o Aedes aegypti, o repelente também protege a pele dos mosquitos transmissores de malária e filariose. “Apesar de ainda não estar cientificamente comprovado, alguns usuários da África relataram a eficácia contra outros mosquitos que não existem no Brasil”. Segundo o pesquisador, não há contraindicações para uso de repelente. “Pode ser usado em grávidas e em recém-nascidos”, afirma.

Produção
Com o aumento do número de casos de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, a demanda pelo repelente aumentou. Após a terceirização da produção e da entrega do primeiro lote, em 2015, algumas redes de farmácias encomendaram o repelente, dando gás à produção. O “Bio-repely” já é comercializado online por R$ 39,90, mas partir da semana que vem poderá ser encontrado em três grandes redes de farmácia em Pernambuco.

O repelente é livre de qualquer tipo de aditivo químico (Foto: Reprodução/TV Globo)

Ainda há negociações com a Universidade Federal de Pernambuco para que o produto seja encontrado na farmácia da instituição de ensino.

O pesquisador também negocia a exportação do repelente para outros estados do país. “O que estamos fazendo é uma forma de repelir o mosquito, mas é preciso matar o inseto. Essa é uma questão que envolve a conscientização da sociedade”, defende o pesquisador.

Fonte: G1