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Brasil é líder mundial em consumo de agrotóxicos

- Ascom SE/UNA-SUS



O Brasil é o segundo maior produtor de alimentos do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, mas é o primeiro no que diz respeito ao consumo de agrotóxicos. Na safra de 2013/2014, foram utilizados cerca de 1 bilhão de litros, o que gera uma média de 5 litros de agrotóxicos por habitante, de acordo com especialistas.

O agricultor Luiz Pradela, de 46 anos, cultiva principalmente soja e milho em sua fazenda, no Oeste da Bahia. Ele conta que precisa usar defensivos para vencer pragas, como as lagartas. “Olha, se não utilizar produto para manter é, mais ou menos, uma pessoa doente todo mundo fala: 'olha, se não for no médico, ele vai morrer.' Ou você utiliza uma tecnologia ou você perde a lavoura. Você já planta sabendo que vai ter que aplicar, porque a praga ela vai vir para concorrer com a planta ou com o produtor”.

O médico e professor Wanderley Pinhatti pesquisa os impactos dos agrotóxicos para a saúde e o ambiente. Ele explica o que acontece quando são aplicados esses produtos nas lavouras. “Primeiro vai para os alimentos. Ele vai para a planta e depois ele vai sair para os grãos. Uma parte vai para a água, atinge o lençol freático e depois sai na água que a gente está bebendo. Uma parte evapora, vai para o ar e atinge quilômetros de distância. Outra parte, inclusive, condensa na chuva, vai para outros animais, quer dizer, contamina o solo. Nos humanos, vai para o sangue e a urina, vai para o tecido gorduroso”.

Para o Sindiveg, sindicato formado por 50 empresas produtoras de defensivos agrícolas, caso não fossem realizados manejo integrado, boas práticas agrícolas e a aplicação de agroquímicos, muito da produção agrícola brasileira seria perdida por doenças, plantas daninhas e pragas.

Os agrotóxicos são utilizados no Brasil desde a década de 50 para controlar doenças no campo e aumentar a produtividade. A produção, a comercialização e o uso são regidos por lei de 1989, regulamentada em 2002.

O coordenador-geral de Avaliação e Controle de Substâncias Químicas do Ibama, Márcio Freitas, explica que antes de ser comercializado no país, o agrotóxico precisa passar por avaliação. “Isso é feito por três órgãos: pelo Ibama, que avalia a questão ambiental, pela Anvisa, que avalia a questão de toxidade humana, e pelo Mapa, que avalia a eficiência agronômica. Se o agrotóxico, portanto, está sendo comercializado oficialmente no Brasil, ele pode ser considerado seguro, embora todos eles sejam potencialmente perigosos”.

Márcio Freitas fala, também, sobre um problema sério que afeta parte da produção agrícola no país: o mercado ilegal de agrotóxicos. “O agricultor lança mão de produtos, às vezes, que a gente não sabe nem o que é, porque são produtos contrabandiados, portanto, não foram avaliados pelos três órgãos. Eles podem ter problemas, inclusive, do ponto de vista de eficiência agronômica, o que é uma tríplice tragédia, porque você ainda tem o problema que criar resistência às pragas, às vezes, porque são produtos piratas”.

Em 2014, o setor de agrotóxicos movimentou aproximadamente US$ 12 bilhões, o equivalente a cerca de R$ 39 bilhões.

Fonte: EBC