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Tecnologia Militar pode erradicar Malária

- Ascom SE/UNA-SUS



Uma nova arma contra a malária pode estar surgindo justamente por possibilidades oferecidas, de modo indireto, pela indústria de armas. Pesquisadores das universidades de Melbourne e de Monash, ambas na Austrália, anunciaram que um detector de calor usado em mísseis antitanque percebem rapidamente a presença do parasita no sangue nos estágios iniciais da infecção.  O estudo foi publicado na revista “Analyst”.

O sensor foi originalmente desenvolvido para o sistema de mísseis Javelin, que é usado no ombro por fuzileiros navais americanos contra tanques, helicópteros e edifícios. Segundo os cientistas, ele monitora energia infravermelha e permite aos médicos tomarem decisões antes que a doença tome conta do corpo e exerça sua ação letal.

O detector de energia infravermelha foi conectado a um microscópio de imagem para identificar sinais de calor deixados por ácidos graxos no corpo do parasita. A tecnologia permitiu que os pesquisadores rastreassem os micróbios num único leucócito em quatro minutos, mesmo sem que o paciente desenvolvesse sintomas. Com essa rapidez e precisão, o método pode substituir um processo que normalmente demora horas ou dias. “Nenhum outro exame traz esses resultados”, disse a bioquímica LeannTilley, da Universidade de Melbourne, ao site Txchnologist .

Segundo a Organização Mundial de Saúde, 207 milhões de pessoas tiveram malária em 2012 e 627 mil morreram, das quais 90% eram crianças africanas com menos de 5 anos. A grande dificuldade em combater a doença é que a maioria dos pacientes só recebe tratamento depois que demonstra sintomas, o que pode ser tarde demais. Segundo o Banco Mundial, todo ano a África perde US$ 12 bilhões em quedas de produção e oportunidades.

O tratamento atual dado à malária é controlar os mosquitos que disseminam a doença, com inseticidas (incluindo véus e roupas embebidas em substâncias tóxicas) ou métodos de eliminação dos focos de água estagnada que favorecem o crescimento das larvas. Essas providências conseguiram erradicar a doença na Europa, mas o quadro epidêmico da África necessita de medidas mais globais e eficazes, focadas na prevenção, até porque os parasitas têm alto grau de mutação e defesa contra os inseticidas. Organizações humanitárias vêm lutando contra a malária (e vencendo, a duras penas) via combinações sempre mais complexas de diferentes medicamentos. Uma abordagem preventiva, como a sugerida pelos pesquisadores australianos, seria uma revolução.

Javelin (Foto: Forças de Defesa da Estônia/Divulgação)

 

Fonte: Época Negócios