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Revista 'Memórias do Instituto Oswaldo Cruz' aborda medicina tropical e biologia molecular

- Ascom SE/UNA-SUS



Neste mês de abril, a revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) traz 19 artigos científicos inéditos, de grupos nacionais e internacionais, sobre medicina tropical e biologia molecular. O acesso à edição online, que já está no ar, é gratuito. Dentre os destaques deste número, estão dois artigos sobre a doença de Chagas. A investigação sobre a dinâmica de produção de óxido nítrico (NO) e metalotioneína-1 (MT-I) durante a infecção revela um pouco mais da contribuição do sistema imunológico do paciente no agravamento do quadro. E um estudo epidemiológico realizado em El Salvador alerta para a necessidade de programas mais eficazes de controle do vetor. Também são temas da edição o vírus da encefalite de St. Louis e o papel do gene ErbB2 na predisposição à infecção na hanseníase. Acesse a revista, gratuitamente, aqui.

Balança desfavorável

No curso da doença de Chagas, já é sabido que o óxido nítrico (NO) – substância tóxica produzida pelo organismo para neutralizar infecções parasitárias – acaba agravando as lesões causadas pelo Trypanosoma cruzi no coração. Mas, neste estudo, pesquisadores de centros de pesquisa mexicanos identificaram que a expressão da proteína metalotioneína-1, antioxidante e inibidora natural do NO, também diminui drasticamente durante a fase crônica da doença em modelos experimentais (camundongos), contribuindo ainda mais com o agravamento do quadro. Os fatores que levam a esta supressão, no entanto, permanecem desconhecidos.

 

Alta virulência

O vírus da encefalite de St. Louis (SLEV, na sigla em Inglês) é transmitido por mosquitos do gênero Culex e circula no continente americano, do Canadá à Argentina. No estudo, pesquisadores da Universidad Nacional de Córdoba, cidade argentina que sofreu uma epidemia em 2005, isolaram a linhagem causadora de uma epidemia na cidade, em 2005: a  CbaBar-4005. O intuito era utilizá-la em testes experimentais com camundongos para comparar a virulência da cepa com outras duas circulantes no país, a 78V-6507 e a CorAn-9275. Os resultados mostraram que tanto a morbidade quanto a mortalidade eram, de fato, maiores nas infecções causadas pela cepa epidêmica, o que aponta a necessidade de caracterizar, de forma sistemática, os vírus causadores de epidemias a fins de vigilância.

Controle ineficaz

Entre 2000 e 2012, El Salvador registrou 731 diagnósticos de doença de Chagas na fase aguda – uma média de 60 casos por ano, contra os cinco casos anuais ocorridos no restante dos países da América Central. Na região, não há relatos de transmissão oral da doença, que consiste na ingestão de alimentos ou água infectados com fezes do vetor, conhecido popularmente como barbeiro. Desta forma, o estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Tóquio, Universidade de El Salvador e o Ministério da Saúde deste país, realizou análises parasitológicas de insetos e pacientes para comprovar que o país carece de programas mais eficientes de vigilância e controle do vetor, uma vez que as transmissões da doença ainda ocorrem pela picada do triatomíneo.

Relação misteriosa

Para determinar se polimorfismos no gene ErbB2 – que possui um receptor para bacilos de Hansen, agente causador da hanseníase – estão ligados a uma susceptibilidade à infecção, pesquisadores de centros de pesquisa do Nordeste brasileiro, da Austrália e dos Estados Unidos realizaram a genotipagem de 372 pessoas no Pará, dentre as quais 208 tinham a doença. A associação foi identificada, no entanto, quando o estudo foi repetido com 570 pacientes no Rio Grande do Norte, os resultados não comprovaram esta relação. Desta forma, ainda não está claro o papel deste possível indicador de predisposição genética à hanseníase no Brasil.

Fonte: Agência Fiocruz