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Projeto da Fiocruz de vacina contra a esquistossomose é selecionado pela OMS

- Ascom SE/UNA-SUS



O projeto da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) para o desenvolvimento da vacina contra a esquistossomose é um dos sete selecionados para ser incluído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no grupo de projetos prioritários para ser apresentado à Assembleia Mundial da Saúde, que ocorrerá em maio.  

A partir do apoio que será dado pela OMS ao projeto de desenvolvimento da produção da vacina contra a esquistossomose, que em um primeiro momento propiciará investimentos de R$ 10 milhões, a Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) pretende iniciar no começo do segundo semestre deste ano o desenvolvimento da Fase 2 do programa – que prevê a vacinação de crianças de 9 e 10 anos, em áreas endêmicas pré-selecionadas do Brasil e da África. A expectativa da Fiocruz é que a vacinação em larga escala possa começar em três anos.

Uma conquista da Fiocruz no campo de inovação em saúde, o projeto de desenvolvimento da vacina é baseado na molécula Sm14 – obtida a partir do Schistosoma mansoni, agente causador da enfermidade -, e foi isolado pela Fiocruz na década de 1990.

Na avaliação da pesquisadora da Fiocruz, Miriam Tendler, do Laboratório de Equistossomose Experimental do instituto e líder da pesquisa, o fato do projeto ter sido escolhido pela OMS decorreu do reconhecimento da importância da descoberta da vacina no combate às doenças endêmicas nos países pobres e em desenvolvimento e na melhoria da qualidade de vida das populações desses países.   

“Não se trata apenas de mais uma simples descoberta. Se fosse apenas isso - uma coisa acadêmica e científica – ele (o projeto) não estaria no programa da OMS. O mérito do projeto é garantir aos países que precisam acessibilidade à viabilidade e à qualidade de uma vacina humanitária. Não adianta você gastar uma fortuna, ter uma tecnologia e os países que precisam não ter acesso à ela”.

A pesquisadora ressaltou o fato de que o Brasil foi, até agora, o único país incluído com este tipo de experiência neste projeto. “Ter reconhecido e selecionado um produto do Brasil para um programa que não é regular, ter reconhecido a sua importância para as populações pobres do Brasil e da África é de grande importância para o país. É a primeira vez que isto ocorre dentro da OMS - não é uma rotina”.

O anúncio da indicação do projeto da Fiocruz como um dos sete selecionados pela OMS e que serão apresentados na próxima Assembleia Mundial da Saúde foi feito no final de janeiro pelo Conselho Executivo da organização. Concorriam 22 projetos, dos quais sete foram selecionados.

Os projetos demonstrativos submetidos à OMS deveriam ter como objetivo o desenvolvimento de tecnologias em saúde (medicamentos, diagnósticos, vacinas, entre outros) voltadas a doenças que afetam de forma desproporcional países em desenvolvimento, onde as lacunas no campo de pesquisa e desenvolvimento permanecem sem solução devido a falhas do mercado. As propostas, enviadas pelas seis regiões da OMS, deveriam demonstrar alternativas no uso da pesquisa e desenvolvimento que levem a resultados concretos de inovação.

A vacina para esquistossomose, desenvolvida e patenteada pelo IOC/Fiocruz, é o primeiro imunizante para a doença no mundo. O projeto finalizou, no ano passado, a etapa de testes clínicos de fase 1, em seres humanos, que mostraram segurança e eficácia de proteção contra a doença. 

Segundo a Fiocruz, o imunizante também se mostrou eficaz para a fasciolose (verminose que afeta o gado), além de abrir espaço para o desenvolvimento de vacinas voltadas a outras doenças humanas provocadas por helmintos.

O modelo de pesquisa da Sm14 é também inédito na Fundação, pois é fruto da primeira parceria público-privada desenvolvida pela instituição, firmada com a empresa Ourofino Agronegócios. O anúncio da eficácia e segurança da vacina foi feito em junho do ano passado. O estudo foi apoiado financeiramente pelo IOC e pelos mecanismos de financiamento de pesquisas científicas como Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), entre outros.

Fonte: Agência Brasil.

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