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OMS saúda a dinâmica global sobre hepatite viral

- Claudia Bittencourt



MELBOURNE/GENEBRA – No Dia Mundial da Hepatite, 28 de julho, a OMS saúda os novos avanços para lidar com uma das mais sérias doenças do mundo. A hepatite viral – um grupo de doenças infecciosas conhecido como hepatite A, B, C, D e E – afeta milhões de indivíduos em todo mundo, causando doenças agudas e crônicas no fígado e matando perto de 1.4 milhões de pessoas todos os anos.

“A hepatite viral tem sido bastante negligenciada por anos,” afirmou a diretora geral da OMS, Margaret Chan. “Mas agora estamos começando a ver maior consciência e dinâmica global para lidar com ela.”

Nova dinâmica

Esse crescente interesse estimulou o debate sobre a hepatite na Assembleia Mundial da Saúde de 2014, quando 194 países endossaram uma resolução para intensificar os esforços para prevenir, diagnosticar e tratar das hepatites virais. Essa resolução enfatiza a importância dos países ter planos nacionais abrangentes para lidar com a hepatite – elaborados para responder as exigências do país, usando os recursos disponíveis.

Foto: Corbis

A Assembleia Mundial da Saúde, composta por ministros da saúde e outros representantes de todos os estados membros da OMS, observou que a testagem é o ponto chave: atualmente a maioria das pessoas com hepatite não sabem que estão infectadas, já que frequentemente os sintomas só aparecem décadas após as doenças hepáticas mais graves se estabelecem. Também se frisou a necessidade em investir nas estratégias efetivas de prevenção. Entre essas se incluem programas abrangentes para pessoas que usam drogas injetáveis, assegurando o acesso a injeções e transfusões de sangue seguras, e ampliando os programas de imunização para proteger as pessoas contra as hepatites A e B.

A resolução reconhece o grande potencial dos novos medicamentos e abordagens de tratamentos para hepatite crónica C e hepatite infecciosa C, alertando para estratégias para ampliar o acesso a medicamentos seguros e com preços acessíveis contra a doença.

Inovações na resposta à heaptite

O Dia Mundial da Hepatite este ano coincide com a 20ª Conferência Internacional sobre AIDS, em Melbourne, Austrália, onde um amplo leque de sessões terão como foco a saúde pública e os desafios clínicos da prevenção e acompanhamento da coinfecção da hepatite viral com o HIV.

Muitas pessoas que estão sob alto risco ou infectadas pelo HIV também são particularmente vulneráveis à hepatite viral. Estima-se que cerca de 4.5 milhões de pessoas estão infectadas tanto pelo HIV quanto pela hepatite B. Quantidade semelhante está infectada pelo HIV e pela hepatite C. À medida que mais pessoas que vivem com o HIV e com a hepatite recebem tratamento contra HIV, elas sobrevivem tempo suficiente para desenvolver cirrose e câncer do fígado relacionados à hepatite, enfatizando a necessidade de protegê-las melhor contra hepatite e trata-las se elas desenvolverem a doença. “A experiência adquirida  pelos programas de HIV na ampliação da abrangência da prevenção e tratamento nesses programas, melhorando o acesso a medicamentos e diagnósticos a preços acessíveis, envolvendo a comunidade e alcançando as populações vulneráveis e marginalizadas  pode fazer muito para atualizar as respostas contra a hepatite viral, dirigindo-se a populações mais amplas de pessoas infectadas pela hepatite B e C,” afirmou Dr Hiroki Nakatani, vice Diretor-Geral para HIV, Tuberculose, Malária e Doenças Tropicais Negligenciadas da OMS.

Um dos mais significantes progresso da saúde pública nos últimos anos tem sido os grandes avanços no tratamento da hepatite crônica C. Novas drogas, com outras em fase de preparação, têm o potencial de transformar o tratamento da hepatite C, com tratamento simples e seguros, resultando em taxas de cura de mais de 90%. Mais os maiores desafios permanecem sendo fazer com que esse tratamento sejam acessíveis ás populações que mais necessitam.

A OMS tem intensificado seu apoio aos países para expandir programas abrangentes de prevenção e tratamento de HIV. Em abril desse ano, a Organização lançou novas diretrizes para triagem, cuidado e tratamento de pessoas com hepatite C crônica. A OMS está desenvolvendo no momento novas diretrizes para prevenção e acompanhamento da hepatite B. Além disso, na oportunidade do Dia Mundial da hepatite,  será lançado um novo manual para lidar com surtos de hepatite E.  

A OMS trabalha agora com um leque mais amplo de partes interessadas, incluindo as populações afetadas, redes comunitárias, médicos, programas nacionais de hepatite, provedores de serviços e doadores para implementar essas diretrizes, para expandir os esforços de prevenção e para tornar o tratamento acessível para aqueles que necessitam. Alguns planos já estão sendo desenvolvidos em países de rendas baixa e media para expandir rapidamente o acesso tanto ao tratamento da hepatite B quanto C, ao mesmo tempo em que assegura que haja investimento adequado em intervenções comprovadas na prevenção da hepatite, incluindo programas de vacinação contra a doença, redução de danos para usuários de drogas e segurança no sangue e na utilização de injeções.

“O aumento do acesso ao tratamento curativo para as hepatites B e C e a expansão da vacinação contra a hepatite B, e outras estratégias de prevenção, fornecem oportunidades reais para que possamos salvar vidas e evitar sofrimentos,” afirmou o diretor do Departamento de  HIV da OMS, Gottfried Hirnschall. “Estamos encorajando ministros da saúde a ‘pensar novamente’ sobre a hepatite e desenvolverem políticas que se em prevenção e tratamento salvadores de vidas”.

 

Fonte: OMS, traduzida pela UNA-SUS