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Mato Grosso e Fiocruz assinam convênio inédito para a saúde

- Claudia Bittencourt



O Governo do Estado de Mato Grosso e a Fundação Oswaldo Cruz firmaram um Termo de Cooperação Técnica com foco na saúde pública local, usando a expertise das unidades da Fiocruz nos campos da pesquisa, ensino, produção, assistência e inovação. O convênio foi assinado no último dia 24/2, em Cuiabá (MT), transformando-se numa aposta da Secretaria de Saúde para superar problemas crônicos e históricos do Estado. Todo o processo foi conduzido pelo pesquisador da ENSP/Fiocruz Ziadir Coutinho, até a assinatura reunindo o governador de MT, Pedro Taques, e o presidente da Fundação, Paulo Gadelha.

Foto de capa: Rogério Florentino/Olhar Digital

Os desafios a serem superados pela parceria foram definidos pelo Governo do Estado em janeiro, com base nas informações obtidas desde a transição do governo até o período que sucedeu a posse. A 'judicilização' da saúde é um dos obstáculos que precisam ser vencidos, além da qualificação de recursos humanos, a análise do setor para a apresentação de propostas de intervenção, o fortalecimento das gestões hospitalares e uma avaliação da rede de alta e média complexidade.

“Um dos motivos da judicialização é a falta de medicamentos, a Fiocruz tem um laboratório próprio, então tem toda uma expertise que a gente precisaria para poder conhecer essas necessidades, os produtos equivalentes que poderão ser trabalhados pelo Estado e em suporte para os municípios, porque alguns medicamentos hoje são de responsabilidade dos municípios”, disse o secretário estadual de Saúde, Marcos Bertúlio, explicando como a parceria poderá ajudar a resolver a judicialização da saúde.

O médico sanitarista Ziadir Francisco Coutinho, pesquisador da ENSP/Fiocruz, comentou, durante a assinatura do convênio, que o quadro da saúde em Mato Grosso é preocupante, segundo as informações passadas pela gestão estadual. “Eles mesmo [governo] nos passam nesse momento um quadro bastante calamitoso. Seja de desorganização na área de medicamentos, de desorganização da área de assistência hospitalar e outros precisando definir encima de esqueletos o que fazer”, explicou.

“Na área de doenças negligenciadas, como hanseníase, o estado de Mato Grosso é o primeiro no país, com 10 vezes mais do que se encontra a média dos estados brasileiros. Outras doenças como leishmaniose e malária que precisam de uma intervenção na área. No que tiver ao nosso alcance, vamos ajudar Mato Grosso na sua reconstrução”, finalizou.

O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha destacou a celeridade com que o convênio foi providenciado e a seriedade e credibilidade do projeto. “Quando o Marcos Bertúlio nos procurou na Fiocruz trazendo esse desafio de estabelecer uma cooperação com Mato Grosso trazendo já delineamentos daquilo que ele já considerava mais relevante dos desafios que estaria enfrentando a partir de um novo governo, pós sentimos que ali se colocava uma oportunidade muito rica, porque primeiro percebemos uma lucidez em relação a um bom diagnóstico e uma boa direcionalidade que uma boa gestão se coloca os desafios em um estado tão importante, mas com desafios tão importantes”, alegou.

(Com informações do Olhar Direto)


Histórico da parceria:

O processo teve início em janeiro de 2015, na ENSP, com a vinda do secretário estadual de Saúde de Mato Grosso, Marco Aurélio Bertúlio, sendo recebido para uma reunião pelo diretor Hermano Castro e os pesquisadores Ziadir Coutinho e Carlos Coimbra Jr. No mesmo dia, o secretário se encontrou com Paulo Gadelha e com o diretor do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), Hayne Felipe da Silva. Na ocasião, Hermano Castro destacou que a vinda do secretário foi principalmente em busca de informações no campo da formação, aquilo que é a expertise da Escola.

Já em fevereiro, assessores técnicos da Secretaria de Saúde do Mato Grosso estiveram novamente na Escola firmando as bases do acordo de cooperação técnico-científica com a Fiocruz para reorganizar as ações do SUS no Estado. Durante a oficina, foram estabelecidas diretrizes para a elaboração de um diagnóstico da situação de saúde na região, que servirá para a construção de políticas voltadas para o campo da assistência farmacêutica, da judicialização da saúde e para o enfrentamento de doenças negligenciadas, com especial atenção para a hanseníase, bem como a oferta de cursos voltados para a qualificação profissional, uma das expertises da Escola.

 

Fonte: ENSP/Fiocruz