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Esgotamento profissional em trabalhadores da atenção básica

- Ascom SE/UNA-SUS



Sensação de esgotamento físico e mental são sintomas de uma síndrome que tem se tornado frequente nos dias atuais, com sérias consequências à saúde: burnout, ou síndrome de esgotamento profissional. Percebendo em sua rotina de trabalho o adoecimento físico e o sofrimento mental dos colegas da área da saúde, o enfermeiro Otávio Coelho de Oliveira abordou o tema em seu trabalho de conclusão de curso, defendido pelo curso de especialização em Estratégia Saúde da Família (Ceesf).

Caracterizada por ser o ponto máximo do estresse, a síndrome pode se manifestar em qualquer tipo de profissão. Entretanto, é mais comum às que exigem envolvimento interpessoal direto e intenso, como é o caso dos profissionais da saúde.  “Nos trabalhadores da Estratégia de Saúde da Família (ESF), por exemplo, observam-se diferentes e complexas demandas físicas e psíquicas no cotidiano, o que favorece ao surgimento da síndrome”, afirma o enfermeiro.

O aluno evidenciou em seu trabalho que os profissionais da ESF têm atribuições que também propiciam a estafa profissional e o desenvolvimento da síndrome. Algumas delas são: saber trabalhar em equipe, ser criativo, ter iniciativas, capacidade para refletir e envolver-se com a população adstrita no território, cuja demanda vem crescendo nos últimos anos.

“Nota-se que os profissionais estão expostos a vários fatores de risco, que constituem fontes de estresse crônico. E esse estudo leva a uma reflexão sobre as reais condições nas quais os trabalhadores da atenção básica da saúde estão submetidos”, afirma Otávio.

Para ele, a exaustão laboral vivenciada por profissionais da atenção primária à saúde gera consequências negativas não só para o indivíduo, como também para a comunidade, colegas de trabalho e a instituição. “A perda na qualidade do trabalho executado, constantes faltas, atitudes negativas para com os que o cercam atingem também os que dependem do serviço deste profissional”, diz.

Sem energia

Diferentemente do estresse, da depressão e outros transtornos mentais, a síndrome de burnout está inserida diretamente no contexto do trabalho. A palavra burnout, de origem inglesa, traduzida para o português significa “queimar para fora”, referindo-se a algo que deixou de funcionar por exaustão ou desgaste. “É como se a energia que move e que dá vida ao ser humano fosse perdida e assim o sujeito chegaria ao seu extremo, praticamente sem possibilidades físicas ou mentais de seguir no seu fazer diário”, explica o enfermeiro Otávio Coelho.

Como consequência da perda dessa energia, vem a fadiga, cansaço constante, distúrbios do sono, dores musculares e de cabeça, alterações de humor e de memória, dificuldade de concentração, falta de apetite e perda de iniciativa. A pessoa fica ainda arredia e passa a ser irônica e cínica.

Esses sintomas podem ser solucionados, evitando maiores danos à saúde, com o diagnóstico precoce. “O diagnóstico depende da disseminação da informação sobre o que é doença, permitindo que esses profissionais da saúde possam realizar a prevenção e promoção da saúde”, esclarece o enfermeiro. Ele completa que o diagnóstico leva em conta o levantamento da história do paciente e seu envolvimento e realização pessoal no trabalho.

Intervenção

Para o aluno, o trabalho de conclusão de curso enfatizou a necessidade de desenvolver um número maior de pesquisas que também possibilitem avaliar a relação entre os fatores estressantes e estabelecer um percurso de prevenção e tratamento. “É preciso inibir ou atenuar os fatores estressantes. Isso irá favorecer um atendimento profissional com melhor qualidade e, consequentemente, gerar satisfação na assistência prestada à população”, ressalta.

Otávio Coelho avalia ainda que para reduzir os danos á saúde e melhorar a qualidade de vida no trabalho, é preciso desenvolver medidas preventivas e modelos de intervenção com os profissionais, bem como investir na gestão de pessoas com treinamentos, capacitação e supervisão dos profissionais da atenção básica da saúde.

Fonte: UNA-SUS/UFMG